Polêmica! Promotor ‘Abandonado’ Pelo MP Recebe Aposentadoria de R$ 68 Mil



O promotor de Justiça criminal aposentado Ludgero Francisco Sabella, de 63 anos, voltou aos holofotes nesta semana ao afirmar que os membros inativos do Ministério Público estão sendo “abandonados” pela instituição. A declaração foi feita durante a 19ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), realizada na terça-feira (9/12).

Sabella, que se aposentou do Ministério Público de São Paulo (MPSP) em 2019, recebe atualmente R$ 68 mil brutos por mês — valor que ultrapassa o teto constitucional, mas é viabilizado por meio de gratificações e indenizações reconhecidas pelo próprio órgão.

“Jogados e descartados”

Durante sua manifestação no plenário do CNMP, o ex-promotor reclamou da ausência do chamado auxílio-acervo para aposentados. O benefício, conhecido como “penduricalho”, compensa o excesso de trabalho de membros ativos do MP e magistrados, mas não é estendido aos inativos.

Em discurso, Sabella afirmou que sua presença não tinha o objetivo de reivindicar valores, e sim de defender o que chamou de “ordenação da despesa justa e igualitária”.

“Eu não venho buscar pagamento; venho buscar que o pagamento seja feito de acordo com a lei. Há pagamentos seletivos no Ministério Público. Como é que pode?”, questionou.

“Nós somos abandonados. É muito grave o que está acontecendo aqui. No Ministério Público de São Paulo, você termina o vínculo e é jogado”, completou.

Supersalários e o teto constitucional

Embora o teto salarial do funcionalismo público — equivalente ao salário dos ministros do STF — seja atualmente de R$ 46 mil, Sabella recebe mensalmente R$ 62,8 mil líquidos. O valor inclui:

  • Auxílio-saúde: R$ 5.624,44
  • Penduricalhos: cerca de R$ 17 mil, variando entre
  • Diferença de Adicional Temporal de Serviço (ATS)
  • Parcela Autônoma de Equivalência
  • Gratificação anterior (até março deste ano): R$ 14,5 mil referentes à Diferença de Subsídios de 2005 a 2007

Como verbas indenizatórias e gratificações não entram no cálculo do teto, esses mecanismos permitem o pagamento acima do limite constitucional — prática comum entre carreiras de elite no serviço público.

Para efeito de comparação, o teto atual do INSS é de R$ 8.157,41.

Apelo ao CNMP

Diante do presidente do CNMP e procurador-geral da República, Paulo Gonet, Sabella fez o que classificou como um “apelo humanitário”. Após elogiar os conselheiros, pediu que o colegiado considere as condições de saúde e idade avançada de membros aposentados:

“Eu faço um apelo final humanitário para quem tem doença grave, para quem está na idade final.”

As declarações reacendem o debate sobre a remuneração de aposentados e ativos do Ministério Público e sobre o uso de verbas indenizatórias para ultrapassar o teto constitucional, prática repetidamente criticada por especialistas em gestão pública e transparência.