Marina Machete é um dos nomes de quem se fala nos últimos dias. A jovem de Palmela é a primeira mulher transgénero a ser coroada Miss Portugal. Tudo aconteceu no passado dia 5 de Outubro em Borba, no Alentejo, e agora Marina prepara-se para representar Portugal no concurso Miss Universo, que vai decorrer já no próximo dia 18 de Novembro, em El Salvador.
Em declarações ao site da SIC Mulher, a nova Miss Portugal deu a conhecer o seu lado mais pessoal e falou sobre a experiência que a colocou nas ‘bocas do mundo’.
“Sinto-me, acima de tudo, muito orgulhosa com o passo que damos enquanto país. Representar o meu país é um orgulho e espero fazê-lo da melhor forma possível. Estou ansiosa para a experiência em si do Miss Universo, aquilo que vai ser não só no dia 18 de Novembro, mas a concentração em geral. Quero que chegue rápido, estou ansiosa que comece tudo”, começa por referir.
Marina Machete conta que sempre acompanhou este tipo de concursos, mas só este ano é que conseguiu participar, conquistando logo na sua estreia o primeiro lugar do pódio.
“Não estava à espera de ganhar naquela noite, mas quando chegou aquele momento, eu senti, realmente, que era o meu momento e a minha noite. Quando fui coroada foi um momento muito bonito, é um momento pelo qual eu guardo carinho”, salienta.
“Não queria acreditar, fiquei com as mãos no ar, a olhar à volta e a olhar para as outras candidatas. Depois [elas] vieram para ao pé de mim e depois a coroa ainda caiu”, recorda ainda, entre várias peripécias.
O objetivo de quebrar preconceitos
Sendo a primeira mulher transgénero a ser coroada Miss Portugal, Marina Machete acredita que pode ajudar a quebrar preconceitos.
“Acredito que a única maneira de evoluirmos como sociedade é começar a desmistificar aquilo que ainda é considerado um bocadinho tabu e quanto mais falarmos e mais representatividade positiva existir, mais visibilidade vai ter. Inicialmente pode ser algo que vai atrair ignorância, por vezes. Mas é a única maneira, realmente, de evoluirmos e informarmos as pessoas”, explica.
Já no que diz respeito a toda a exposição mediática que advém da sua coroação, a jovem refere que o balanço é, sobretudo, positivo, e não podia estar mais sensibilizada com as mensagens de apoio que tem recebido.
“Tem sido positivo, acima de tudo, por causa também das mensagens das pessoas que se identificam com a minha história e das pessoas que me mandam apoio de todo o mundo, não só de Portugal, mas também do Brasil, América Latina e Europa. Tem sido algo que me tem tocado bastante. Também pessoas da minha vida pessoal, que eu não via há anos, como antigos colegas de escola que dizem: ‘Que linda história de vida. Parabéns, tens o meu apoio’. Realmente foi a melhor coisa deste processo até agora”, confessa.
Mas nem tudo é ‘um mar de rosas’, há também comentários negativos. Algo que Marina Machete prefere desvalorizar.
“Tento canalizar essa atenção para que seja focada naquilo que é positivo, que é a representatividade, o facto de eu estar aqui e estar a representar o que estou a representar num palco internacional e de representar Portugal acima de tudo”, defende.
Por outro lado, Marina Machete refere ainda que o concurso Miss Universo vai muito além de uma competição de beleza, tem ainda um cariz social.
“Aquilo que eram os concursos de beleza há uns anos transformou-se e tornou-se, hoje em dia, numa plataforma para muitas mulheres, que ajuda a abraçar aquilo que é diversidade do ser humano. Neste caso, é o ano mais diverso. Há candidatas casadas, com filhos, há candidatas ‘plus size’, há candidatas trans. Portanto, o impacto este ano é a nível de acções sociais e daquilo que isso pode significar para as mudanças na sociedade”, afirma.
“As coisas transparecem muito muito mais naturalmente, quando falamos de uma forma aberta”
Para lá do mundo da Miss Portugal e da Miss Universo, Marina assume-se como uma pessoa que gosta de estar de bem com vida e que adora ‘voar’, sendo que é hospedeira de bordo há cinco anos.
“Não vou dizer que gosto de viajar porque é clichê, mas é claro. Sou uma pessoa que gosto de se divertir, acima de tudo, que leva a aquilo que passou de uma forma leve e que tenta informar as pessoas“, assume.
“Não tento que as coisas sejam demasiado sérias, porque não há que tomar esses assuntos de forma séria. As coisas transparecem muito mais naturalmente quando falamos de uma forma aberta e com o objectivo de informar”, completa.
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