Dois anos após ser sequestrado pelo Hamas durante o ataque ao festival de música Nova, no sul de Israel, o jovem Evyatar David, de 24 anos, viveu um reencontro emocionante com os pais nesta segunda-feira (13), em um hospital no centro do país. Ele foi libertado junto com outros 19 reféns como parte de um acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos entre Israel e o grupo extremista.
Evyatar se tornou símbolo da dor dos reféns israelenses após aparecer em um vídeo divulgado pelo Hamas em agosto deste ano. No registro, visivelmente desnutrido e abatido, ele cava uma sepultura em um túnel de Gaza e diz, com a voz fraca: “Esta é a sepultura em que acho que serei enterrado. O tempo está acabando.” A imagem correu o mundo e gerou comoção internacional.
Nesta segunda, o cenário era outro. Nas imagens divulgadas após sua libertação, o jovem aparece sorrindo, ainda em choque, com as mãos sobre a cabeça antes de abraçar os pais, Avishai e Galia, entre lágrimas. O reencontro ocorreu em um hospital, onde ele está sob cuidados médicos.
“Mal podemos esperar para abraçá-lo, senti-lo e respirar com ele novamente”, havia dito o pai, Avishai David, em entrevista à emissora Channel 12, poucos dias antes da libertação do filho.
Amigos relembram o dia do sequestro
Além da família, amigos que serviram com Evyatar na Marinha israelense acompanharam com emoção a notícia de sua volta. Omer Levi e Guy Melamed, que mantêm amizade com ele desde a juventude, contaram ao The Jerusalem Post como viveram, à distância, o trauma do sequestro.
“No começo achamos que ele ainda estava em Israel, talvez escondido em um abrigo. Mas meia hora depois, vimos um vídeo dele sendo levado pelas ruas de Gaza. Foi quando entendemos que era tarde demais”, lembra Melamed, referindo-se ao dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas realizou o ataque surpresa ao sul de Israel, matando civis e sequestrando dezenas de pessoas.
Omer Levi descreveu o impacto emocional de ver o vídeo do amigo em agosto: “Foi como uma moeda de dois lados. Por um lado, era um sinal de que ele ainda estava vivo. Por outro, era claro que o tempo dele estava acabando.”
“É uma sensação horrível. Você começa a se sentir culpado por estar vivendo normalmente enquanto ele está em túneis em Gaza”, completou Melamed.
Um símbolo da resistência e da dor
Evyatar se tornou um dos rostos mais marcantes do sofrimento enfrentado por dezenas de reféns israelenses mantidos em cativeiro pelo Hamas desde o ataque de 2023. Sua imagem cavando a própria sepultura virou um símbolo da brutalidade da guerra e da urgência por acordos humanitários.
Agora, livre, ele inicia um longo processo de recuperação física e emocional. Mas seu abraço nos pais, dois anos depois do terror, já representa um alívio – e um vislumbre de esperança – para uma nação ainda marcada pela dor.
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