Rodrigo Morgado, influenciador digital e contador, foi preso na manhã desta terça-feira (29) durante a Operação Narco Vela, deflagrada pela Polícia Federal. Ele é apontado como um dos integrantes de uma organização criminosa responsável por um esquema internacional de tráfico de drogas por meio de veleiros e embarcações particulares.
Segundo informações obtidas pelo Terra, Morgado era um dos alvos dos 62 mandados de busca e apreensão e teve endereços vasculhados pela PF em São Paulo. Em um dos locais, os agentes encontraram uma arma, o que resultou em sua prisão em flagrante.
Durante a operação, a Polícia Federal também apreendeu bens de alto valor ligados ao investigado. Entre eles, uma Ferrari avaliada em R$ 4,5 milhões, localizada em um imóvel na Riviera de São Lourenço, litoral paulista, e um Lamborghini, encontrado em Taubaté (SP).
A reportagem tentou contato com a defesa de Rodrigo Morgado, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.
Trajetória e vida nas redes sociais
Com mais de 45 mil seguidores no Instagram, Rodrigo Morgado se apresentava como empresário de sucesso, defensor do empreendedorismo e da “alta performance”. Nas redes sociais, ele compartilhava mensagens motivacionais, momentos com a família e viagens internacionais, como para as Maldivas e diversos países da Europa.
Morgado dizia ter superado diversas dificuldades antes de alcançar o sucesso e promovia mentorias e cursos voltados ao crescimento empresarial. Um dos eventos, previsto para ocorrer em julho deste ano, tinha ingressos que variavam de R$ 299 a R$ 2.299.
Polêmica com funcionária e sorteio de carro
Recentemente, Morgado e sua empresa, a Quadri Contabilidade, estiveram envolvidos em uma polêmica envolvendo um sorteio interno de fim de ano. Em dezembro de 2024, a funcionária Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, foi contemplada com um Jeep Compass, avaliado em mais de R$ 100 mil.
Segundo Larissa, o carro apresentava problemas mecânicos logo após o sorteio. Ela afirma ter gasto cerca de R$ 10 mil com consertos, documentação e transferência do veículo. Após relatar os problemas à empresa, foi demitida e teve o carro recolhido pela contabilidade.
A empresa alega que Larissa descumpriu as regras do sorteio, que incluíam a permanência mínima de 12 meses na empresa, o cumprimento de metas trimestrais e a proibição de alugar o veículo para terceiros.
Em nota, a Quadri Contabilidade afirmou que a demissão ocorreu por “motivos éticos e comportamentais” e que Larissa havia concordado com os termos do regulamento do sorteio.
Investigação e rota do tráfico internacional
A Operação Narco Vela teve início após a apreensão de três toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, em um veleiro brasileiro interceptado pela Marinha dos Estados Unidos próximo à costa africana. O barco havia partido de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, com destino à África.
O velejador responsável pela embarcação apontou Rodrigo Morgado como o contratante da operação, que teria lhe pago R$ 1 milhão para transportar a droga.
Ao longo das investigações, a PF identificou pelo menos oito eventos ligados ao tráfico internacional, incluindo quatro grandes apreensões em alto-mar, totalizando mais de oito toneladas de cocaína. A operação contou com o apoio da Guarda Civil da Espanha e da Marinha Francesa.
De acordo com a PF, a organização criminosa utilizava barcos menores que partiam do Brasil e, em alto-mar, transferiam a droga para embarcações maiores, como veleiros com autonomia para atravessar o oceano. A quadrilha também fazia uso de equipamentos satelitais, antenas e sistemas de comunicação sofisticados para evitar a detecção.
Balanço da operação
Durante a ação desta terça-feira, foram cumpridos 23 das 31 ordens de prisão temporária, além de quatro mandados de prisão preventiva. Quatro suspeitos, que estão fora do Brasil, foram incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol.
Além das prisões, a Justiça Federal determinou o bloqueio e apreensão de bens no valor de até R$ 1,32 bilhão. Entre os itens apreendidos estão carros de luxo, relógios e embarcações.
A Operação Narco Vela mobilizou mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do Estado de São Paulo. Os envolvidos poderão responder por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e participação em organização criminosa.

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