Milton Gulli Sobre A Morte Do Azagaia



Nunca tinha conhecido um artista que estivesse em completa sintonia com a psique colectiva de um povo e de uma nação. Que fosse universalmente reconhecido pelos seus pares, no meio artístico, e temido pelos seus pensamentos, a nível político e social. Que fosse tão amado pelo povo, independentemente da faixa etária, “estrato social” ou cor da pele. Que quando andava na rua era reconhecido por todos, cumprimentado pelas vendedoras de fruta, pelos vendedores de crédito, pelos polícias, por estudantes universitários, pelo condutor de chapa. Que as suas músicas se tornassem hinos de uma juventude desmotivada e descontente, que via neste Mano Azagaia, o ponta de lança corajoso, o super-héroi, descendente de Shaka, Samora e Sankara. 

Para mim serás sempre o Aza. O Aza das ideias subversivas. O Aza que dava tudo. O Aza que tocava à minha porta já com o plano delineado. O Aza gentil e calmo. O Aza a 200 km por hora. O Aza amigo. O Aza pai e filho. O Aza da Namaacha. 

Moçambique e o Mundo perderam um soldado da verdade. 

Somos todos nós que vamos ter de ocupar esse vazio que ficou. 

Ele já nos deixou a voz.

Rest In Power meu irmão