População De KaTembe Depende De Boleia Para Regressar À Casa A Partir Das 19 Horas



Há falta de transporte público para sair da Cidade de Maputo para KaTembe, a partir das 19 horas. O facto cria dificuldades aos moradores daquele distrito, que acabam por depender de boleias.


Uma cidade dividida pelo mar e ligada por uma grande infra-estrutura – ponte Maputo–Katembe. Mesmo assim, ninguém quer estar na pele de quem procura transporte público para fazer a travessia.


De dia, o cenário de transporte de passageiros até é normal. Mas, quando o sol se põe, não é apenas a luz que desaparece, os carros também.


“O País” escalou o terminal de transporte Anjo Voador, por volta das 20 horas, e foi possível ver um grupo de pessoas que esperava pelo transporte, mas sabia que a probabilidade de aparecer era ínfima.


Sónia Muchanga diz que “somos obrigados a ficar por muito tempo, desde as 17 horas estamos sentados aqui. Todos os dias, nesta paragem não há transporte, nem na Elisa, Chamissava e Marinha”.


Esperava-se pelo último autocarro, que chegava às 21 horas. No seu lugar, apareceu um transporte de carga, apelidado de “my love”.


“O sonho tornou-se num pesadelo, ontem, quando vimos os pilares a serem erguidos estávamos com os olhos recheados de alegria, mas hoje, são lágrimas de sangue”, disse Flávio, morador do bairro Katembe.


O mesmo cenário repete-se na paragem de Malanga. Por falta de transporte, Flávio lança culpa a alguns transportadores que, segundo revela, negam partilhar a rota com novos operadores. “Os transportadores da Katembe.


Nem o perigo consegue intimidar quem se faz à via para estender a mão pedindo uma boleia.


Porque mesmo depois de atravessar a ponte não há sinal de transporte público, algumas pessoas são obrigadas a caminhar longas distâncias até as suas residências.


“São agora 22 horas, estou a sair do serviço, não temos transporte. Estou a caminhar e só chego em casa depois de uma hora de caminhada”, disse Dique Cossa.


Para minimizar o problema, não se medem esforços. Uma das alternativas é transportar passageiros em moto-táxis.


Paulo Raul é moto-taxista há um ano e, segundo explica, o movimento das pessoas na rotunda é maior. Entretanto, por dia, chega a ganhar mais de mil Meticais por transportar as pessoas que preferem não caminhar.


Desgastados, os moradores da Katembe clamam por ajuda.


O problema preocupa a comissão dos moradores, que já tentou, sem sucesso, negociar com os transportadores. “Quando nos reunimos com alguns membros [para falarmos] acerca dos preços da portagem, estavam lá também os transportadores, colocámos-lhes a questão e eles disseram que resolveriam, mas até hoje não tivemos resultados”, afirmou Efraim Tembe, presidente da Comissão dos Moradores.

Já os transportadores da rota Katembe–Centro da Cidade de Maputo dizem que a falta de transporte a partir das 19 horas se deve a não existência de passageiros que saem daquele distrito para a cidade. Argumentam que é insustentável desenvolver a actividade no período nocturno.


Por sua vez, a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários diz que enquanto o Governo não subsidiar os transportadores, o problema não vai ter solução.