A cantora e ministra da Cultura, Margareth Menezes, criticou publicamente a cantora Claudia Leitte após a artista alterar a letra da música Caranguejo (Cata Caranguejo), substituindo a referência à orixá Iemanjá pelo termo “Yeshua”, nome atribuído a Jesus em algumas tradições religiosas.
Ao comentar o episódio, Margareth adotou um tom mais amplo e destacou a necessidade de avanços na educação racial e no combate à intolerância religiosa no Brasil. Segundo ela, a mudança na letra representa mais um caso de desrespeito às religiões de matriz africana.
“Precisamos de educação racial no Brasil. Esse episódio é mais um de desrespeito às matrizes africanas. A intolerância religiosa precisa ser tratada com a dimensão que ela tem. As simbologias de religiões como o candomblé e a umbanda são frequentemente alvo de ataques danosos. Em um país democrático, deve-se respeitar o direito de crença e de expressão”, afirmou Margareth Menezes em entrevista à revista Veja, publicada neste sábado (13).
De acordo com a ministra, a alteração da letra não foi um fato isolado. Claudia Leitte chegou a ser denunciada ao Ministério Público sob acusação de racismo religioso em razão da substituição do trecho que menciona Iemanjá.
O episódio ocorreu no fim do ano passado e ganhou repercussão nas redes sociais após a divulgação de um vídeo gravado durante um show de Claudia Leitte no Candyall Guetho Square, em Salvador. A apresentação fez parte do projeto de verão “Soul De Rua”, realizado no dia 14 de dezembro. Nas imagens, a cantora entoa o verso “Eu canto meu Rei Yeshua” em lugar de “Saudando a rainha Iemanjá”. Claudia Leitte se declarou evangélica em 2014.
A denúncia foi formalizada pela yalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, em conjunto com o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO). O caso será analisado pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) confirmou o recebimento da denúncia, que aponta uma suposta conduta discriminatória da artista ao substituir o nome de Iemanjá, orixá das águas, na letra do hit. O documento também classifica a atitude como difamatória e degradante em relação às religiões de matriz africana.

Sem comentários:
Enviar um comentário