Pesquisadores da Universidade de Tóquio anunciaram um avanço que parece saído de ficção científica: uma inteligência artificial capaz de decodificar pensamentos e convertê-los em frases detalhadas. A tecnologia, apelidada de “legenda mental”, foi apresentada em um estudo publicado na revista Science Advances na última semana.
O sistema utiliza exames de ressonância magnética funcional (fMRI) para mapear a atividade cerebral de uma pessoa enquanto ela assiste a vídeos ou recorda imagens. A partir desses padrões, um modelo de IA em dois estágios reconstrói, em linguagem natural, o conteúdo visual percebido ou imaginado pelo voluntário — produzindo descrições completas e surpreendentemente precisas.
Avanço para pessoas com dificuldade de comunicação
Segundo os cientistas, a tecnologia pode futuramente ajudar indivíduos com limitações de fala, como pacientes que sofreram AVC ou que possuem distúrbios neurológicos, permitindo que expressem pensamentos sem usar a voz.
O estudo contou com seis participantes, e os resultados surpreenderam até os próprios autores. Diferentes de sistemas anteriores, que só conseguiam gerar palavras-chave ou resumos vagos, a nova técnica produz frases estruturadas, descrevendo ações, objetos e interações presentes na cena observada pela pessoa.
Limitações e próximos passos
Apesar do entusiasmo, os pesquisadores ressaltam que a ferramenta ainda está longe de ler pensamentos espontâneos ou privados. Hoje, o método depende de:
- cooperação ativa do voluntário,
- grandes quantidades de dados individuais para treinamento,
- equipamentos de ressonância magnética de grande porte,
- e ambientes controlados de teste.
Não há evidências de que a IA consiga decodificar monólogos internos sem direcionamento ou acessar pensamentos involuntários.
Mesmo assim, o avanço representa um marco no campo da neurotecnologia e abre caminho para futuras aplicações médicas, ampliando possibilidades de comunicação para pessoas que perderam a capacidade de falar.

Sem comentários:
Enviar um comentário