Dunga, figura incontornável da história da seleção brasileira (quer na qualidade de jogador, quer na qualidade de treinador), concedeu uma extensa entrevista à edição desta segunda-feira do jornal espanhol Marca, na qual se debruçou sobre as polémicas em torno de Vinícius Júnior, tanto no escrete, como no Real Madrid.
"Todos podemos fazer melhor, sempre. E, quando cometemos erros, devemos refletir, dar dois passos atrás e retificar. Eu aprendi que, quando alguém te acata, por vezes, não vale a pena responder", começou por afirmar o homem que comandou a formação canarinho rumo à conquista do título de campeã mundial, em 1994, nos Estados Unidos da América.
"O Vini, na minha opinião, é um líder técnico, futebolístico, e não um líder de balneário. Não é aquilo que seria um capitão tradicional. O Vini é um líder técnico, que produz jogadas, que vai para a frente... E o Brasil ainda necessita de um líder de balneário", prosseguiu, assumindo que esse papel até pode caber a Casemiro, médio ex-FC Porto.
"Ele pode ser esse líder, sim. Precisamos disso. Já passou algum tempo desde que tivemos essa figura, e um líder não se forma. Ou és um líder, ou não és. E colocar sobre Vinícius essa responsabilidade não é bom para ele. As pessoas perguntam 'Por que razão é que, no Real Madrid, funciona bem, e não seleção, não? Fácil. Porque, no Real Madrid, só se preocupa em jogar, e há outros líderes que ocupam essa posição, no balneário. O Vini, no Real Madrid, só tem de preocupar-se em jogar. No Brasil, não", completou.
"Ancelotti? Era o momento de experimentar um estrangeiro"
Nesta mesma entrevista, Dunga aplaudiu a decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em contratar o italiano Carlo Ancelotti para o cargo de selecionador nacional, apesar das críticas: "Eu penso que era o momento de experimentar um estrangeiro. Há treinadores locais bons, mas o ambiente era muito mau".
"Havia uma má energia eterna, com muitas confusões políticas, envolvendo presidentes da Federação, etc. Eles trouxeram o Carletto, e já ninguém fala sobre isso. Só se fala de futebol, e isso é positivo. Já ninguém fala de confusões envolvendo presidentes. Experimentemos, então, com o Carletto", atirou.
"Espanha, França e Argentina estão à frente do Brasil"
A terminar, o antigo médio (atualmente, com 62 anos de idade) analisou as hipóteses do Brasil, no Campeonato do Mundo de 2026: "Brasil e Argentina estão sempre entre os favoritos. Se analisarmos o momento atual, Espanha, França e Argentina estão à frente do Brasil. Estão um passo à frente, mas, em seis meses, tudo pode mudar".
"Se o Brasil ganhar, garante confiança... Eu acredito muito na mentalidade. Num Mundial, há muitos bons jogadores, mas apenas alguns acreditam firmemente que vão ganhar. O Vinícius, por exemplo, é bom nisso. Ele tem sempre confiança em si mesmo. Faz jogadas que ninguém imaginaria, sequer. Ele tenta, e, se não lhe sai bem, segue em frente. Outros, iriam assustar-se e não tentariam de novo. Ele tenta e tenta. Insiste até que corra bem", concluiu.

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