O Tribunal da Comarca do Huambo condenou, nesta segunda-feira, o empresário João Talaya a 20 anos de prisão maior pela morte da sua esposa, Sônia António, em um caso classificado como homicídio qualificado no contexto de violência doméstica agravada.
Durante a leitura do acórdão, o coletivo de juízes considerou provados os factos constantes da acusação, acolhendo integralmente as alegações do Ministério Público, que sustentou tratar-se de um crime praticado com dolo intenso e elevado grau de perversidade.
O tribunal fundamentou a decisão na gravidade dos factos, na culpabilidade do arguido e na crueldade empregada na execução do crime, entendendo que apenas uma pena de longa duração cumpriria os objetivos de prevenção geral e especial da justiça penal.
A sessão, acompanhada por familiares da vítima, representantes de organizações da sociedade civil e órgãos de comunicação social, decorreu sob forte comoção e indignação.
Entretanto, a defesa de João Talaya já anunciou a interposição de recurso junto do Tribunal Supremo, alegando nulidades processuais e solicitando a revisão da medida da pena.
🔎 COMO TERÁ OCORRIDO O CRIME
De acordo com as investigações, Sônia Cardoso, de 40 anos, empresária e mãe de dois filhos menores (de 9 e 13 anos), residente na Cidade Baixa, província do Huambo, teria deixado a sua residência após receber uma mensagem suspeita, supostamente enviada por uma mulher identificada como amante do seu marido.
O episódio ocorreu quando a família discutia a prolongada ausência de João Talaya, que havia saído de casa há várias horas sem dar qualquer informação sobre o paradeiro. Durante a conversa, Sônia recebeu uma chamada proveniente do número do marido; contudo, a ligação caiu antes que pudesse atender. Minutos depois, chegou uma mensagem de texto, também vinda do mesmo número, indicando o seguinte:
“Estamos no Restaurante George Alberto.”
O referido local, além de restaurante, funciona igualmente como residencial.
Tomada pela preocupação e acompanhada por um familiar do marido, Sônia deslocou-se até ao local mencionado. Ao chegar, encontrou o veículo do marido estacionado, com João e uma mulher no interior, de portas trancadas. A vítima pediu várias vezes para que o marido baixasse o vidro, mas não obteve resposta.
Segundo relatos, a visibilidade era reduzida devido ao vidro fumado do automóvel. Em meio a um momento de forte tensão e discussão, João ligou o carro. Sônia posicionou-se à frente do veículo, tentando impedir a partida e exigindo que o marido saísse. No entanto, o empresário acelerou bruscamente, atropelando a esposa, que ficou gravemente ferida e acabou por falecer no local.
Após o ocorrido, João Talaya fugiu da cena do crime, mas acabou por se entregar às autoridades horas depois, encontrando-se desde então em prisão preventiva, agora convertida em pena efetiva de 20 anos de reclusão...

Sem comentários:
Enviar um comentário