Na madrugada deste domingo (12), o fisiculturismo brasileiro viveu um momento histórico. No palco do Las Vegas Convention Center, nos Estados Unidos, o acreano Ramon Queiroz, mais conhecido como Ramon Dino, conquistou o título da Classic Physique no Mr. Olympia 2025, o campeonato mais prestigiado do esporte no mundo.
Após anos de espera e seguidas boas colocações, Dino finalmente alcançou o topo da categoria considerada a segunda mais importante da modalidade. Ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma competição masculina no Olympia, superando mais de 30 competidores de elite e deixando para trás atletas como o americano Terrence Ruffin (Ruff Diesel) e o alemão Mike Sommerfeld, vice-campeão também em 2024.
Natural do Acre e torcedor do Flamengo, Ramon é carinhosamente apelidado de “Dinossauro” pelos fãs. Ao ser anunciado como campeão, ele não conteve a emoção e foi abraçado por Chris Bumstead (CBum) — o canadense que dominou a categoria nos últimos seis anos e se aposentou em 2024.
“Muitas vezes fiquei em segundo e só tenho a agradecer, pois sonhei muito com este momento”, declarou Ramon em inglês. Em seguida, já em português, completou: “Vou estudar melhor a língua inglesa para representar ainda melhor o Brasil aqui no próximo Mr. Olympia.”
Brasil também domina no feminino com Eduarda Bezerra
A festa brasileira em Las Vegas foi dupla. Eduarda Bezerra também levou o ouro na categoria Wellness, voltada ao físico mais harmônico, com ênfase em proporção e estética — e menos massa muscular. Ela superou ninguém menos que a compatriota Isa Nunes, campeã de 2024, que ficou com o segundo lugar.
Criada em 2021, a divisão Wellness tem sido completamente dominada pelas brasileiras desde sua estreia. Com o novo título, o Brasil mantém 100% de aproveitamento na categoria.
A trajetória de Ramon Dino até o título
A caminhada de Ramon Dino no Mr. Olympia começou em 2021, quando terminou na quinta colocação. Em seguida, foi vice-campeão em 2022 e 2023. Em 2024, mesmo como favorito, acabou em quarto lugar após perder pontos por excesso de suor durante as prévias — fator que prejudica a definição muscular aos olhos dos jurados.
Paralelamente, Dino também brilhou no Arnold Classic, segundo torneio mais prestigiado do fisiculturismo: foi vice em 2022 e 2024, e campeão em 2023. Mesmo antes da conquista deste domingo, já era considerado por muitos o maior fisiculturista brasileiro da história.
Entenda as categorias: Open x Classic Physique
Apesar do enorme prestígio, a Classic Physique não é a principal categoria do Mr. Olympia. Esse título pertence à Open Bodybuilding, conhecida por não ter limite de peso — é onde competem os atletas com físicos extremamente grandes e massivos.
Já a Classic busca resgatar a estética dos anos 1970: corpos simétricos, proporcionais e “clássicos”, dentro de limites de peso e altura. Se o Hulk fosse fisiculturista, ele certamente estaria na Open — não na Classic.
Essa diferença também se reflete nas premiações. Ramon Dino recebeu US$ 100 mil (cerca de R$ 552 mil) pela vitória. Já o campeão da Open, o americano Derek Lunsford, faturou US$ 600 mil (aproximadamente R$ 3,3 milhões).
Como funciona a competição
O fisiculturismo é um esporte de avaliação estética. Os atletas passam por duas etapas: a prévia (prejudging), onde são analisados por grupos, e a final, em que os melhores voltam ao palco para novas exibições coreografadas.
Na prévia, os jurados dividem os atletas em blocos — do 1º ao 3º lugar, do 4º ao 8º, e assim por diante. Apenas os melhores avançam. Na fase final, cada grupo se apresenta novamente, e as posições são definidas em ordem decrescente até a consagração do campeão.
Neste ano, nove brasileiros participaram da categoria Classic Physique. Apenas três avançaram ao Top 16. Ramon Dino, já no Top 3, enfrentou Sommerfeld e Diesel na última apresentação. Após um show de simetria, definição muscular e carisma no palco, o nome de Dino foi anunciado como campeão — colocando o Brasil no topo do fisiculturismo mundial.
Um novo ídolo nacional
A conquista de Ramon Dino é mais do que um troféu: representa um marco no esporte nacional e uma inspiração para uma nova geração de fisiculturistas brasileiros. Ele não apenas quebrou barreiras, mas consolidou seu nome entre os grandes do esporte mundial.
Com apenas 30 anos, o acreano promete seguir competindo — e agora, como campeão, carrega a missão de defender o título e representar o Brasil no mais alto nível do fisiculturismo internacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário