O youtuber Wilker Leão de Sá, conhecido por sua atuação polêmica nas redes sociais, foi oficialmente expulso da Universidade de Brasília (UnB) após um processo disciplinar que investigou a gravação não autorizada de aulas e a divulgação dos vídeos com comentários considerados ofensivos. A decisão da reitoria foi confirmada em comunicado oficial, e o ex-aluno está impedido de realizar novas matrículas na instituição.
Com quase 1 milhão de inscritos no YouTube, Leão é advogado, cabo da reserva do Exército e figura recorrente em confrontos políticos nas redes. Ele alega ser alvo de perseguição e prometeu recorrer da decisão. “Se você pensar de maneira divergente, será perseguido de todas as maneiras. Eu sou ou não uma vítima desse autoritarismo?”, afirmou em vídeo publicado após a expulsão.
Condenação judicial por injúria e difamação
Além da penalidade administrativa, Wilker também foi condenado judicialmente por injúria e difamação contra o professor Estevam Costa Thompson, do Departamento de História da UnB. A sentença, proferida pela juíza Ana Claudia Loiola De Morais Mendes, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, destacou que a divulgação de imagens e áudios sem consentimento, especialmente em ambiente educacional, configura ato ilícito.
Na decisão, a magistrada ressaltou a proteção legal à liberdade de cátedra garantida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), afirmando que o conteúdo exposto por Leão violava direitos dos professores ao ambiente de ensino livre de intimidação e exposição pública indevida.
Histórico de atritos e vídeos polêmicos
Wilker Leão se matriculou no curso de História da UnB com a proposta declarada de “confrontar as narrativas ideológicas da esquerda”. Contudo, sua presença no campus gerou seguidos atritos com professores e estudantes. O Centro Acadêmico de História chegou a vetar sua participação em eventos acadêmicos, acusando-o de promover hostilidade por meio das gravações.
Segundo os autos do processo disciplinar, os vídeos publicados por Leão prejudicaram o andamento de algumas disciplinas, inclusive levando à suspensão temporária de aulas. Os conteúdos traziam títulos provocativos, críticas diretas a docentes, solicitações de doações via Pix e uma estética de embate político.
Professores relataram que os trabalhos entregues por Wilker careciam de embasamento acadêmico. “As ideias críticas usadas pelo aluno são do senso comum e nunca são argumentadas”, registrou um docente em um dos relatórios administrativos.
Relembre: ‘Tchutchuca do Centrão’
Wilker ganhou projeção nacional em 2022 ao confrontar o então presidente Jair Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, chamou o chefe do Executivo de “tchutchuca do Centrão” e acabou sendo empurrado por seguranças. O episódio viralizou e contribuiu para o crescimento de seu canal nas redes sociais.
Desde então, Wilker passou a publicar com frequência conteúdos nos quais aparece confrontando figuras políticas e professores universitários, sempre com tom crítico e provocador.
Recurso e continuidade nas redes
Apesar da expulsão, Wilker Leão afirma que seguirá produzindo conteúdo e que vai buscar reverter a decisão da UnB na Justiça. “A universidade está tentando calar minha voz”, disse em um dos vídeos recentes.
A UnB, por sua vez, reiterou em nota que a decisão obedeceu aos trâmites legais e que preza por um ambiente de respeito, liberdade acadêmica e integridade institucional.
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