Os primeiros sinais de escassez de divisas (dólares, euro e rand) remontam de 2023, mas o cenário agravou a partir do quarto trimestre de 2024 – auge das manifestações pós-eleitorais.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, revelou em Junho de 2025, que alguns empresários e particulares terão escondido e tentar fugir com os dólares, criando um nervosismo no mercado cambial.
Um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP), divulgado esta quarta-feira, desvenda a rede que alimenta o mercado informal de venda de moeda estrangeira.
O CIP revela conexões criminosas entre funcionários de bancos comerciais e o mercado paralelo de venda de moeda estrangeira que podem justificar, em parte, a escassez de divisas em Moçambique.
“A teia é gigante. Envolve nacionais e estrangeiros com muito dinheiro e até funcionários públicos”.
A investigação do CIP constatou que vários agentes de venda de moeda estrangeira que garantiram disponibilidade imediata de valores que ascendem a 20 mil dólares (mais de um milhão de meticais). O mesmo acontece com o rand e o euro.
As divisas esvaziadas do circuito formal para alimentar o “mercado negro” são provenientes de cidadãos estrangeiros que estão no país a turismo, comerciantes, políticos, governantes, importadores informais (Mukheristas) e de bancos comerciais.
“Moeda estrangeira somos mais fornecidos pelos bancos. Os bancos é que mais nos fornecem”, revelou António, nome fictício de um cambista informal entrevistado pelo CIP.
A rede envolve agentes da polícia, migração, banqueiros, operadores de casas de câmbios, agências de viagens e empresários que abrem empresas de fachadas. Algumas ordens de pagamento em dólares são de operações para China, Portugal, Maurícias e para paraísos fiscais.
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