Nascido em 1936, em Porto Alegre, Luis Fernando Verissimo iniciou sua carreira literária relativamente tarde, após os 30 anos, quando passou a escrever colunas sobre jazz e crônicas no jornal Zero Hora. A partir daí, consolidou-se como um dos cronistas mais lidos e admirados do país, com dezenas de livros publicados.
Seu primeiro título, O Popular – Crônicas, ou Coisa Parecida (1973), pela Editora José Olympio, reuniu textos publicados na imprensa, formato que se tornaria marca registrada de sua trajetória. Para quem deseja conhecer os primórdios de sua escrita, a obra é uma porta de entrada valiosa.
O primeiro grande sucesso veio em 1979, com Ed Mort e Outras Histórias, lançado pela L&PM. O livro apresentava o personagem Ed Mort, uma sátira aos clássicos detetives da literatura policial, que mais tarde se transformaria em tira de quadrinhos ilustrada por Miguel Paiva e até filme, estrelado por Paulo Betti.
Dois anos depois, em 1981, Verissimo lançou O Analista de Bagé, obra que rapidamente se tornou um fenômeno editorial, esgotando a primeira edição em apenas dois dias. O personagem — um psicanalista de perfil freudiano, mas com trejeitos caricatos de um gaúcho da fronteira — nasceu para um projeto de televisão que não chegou a ser realizado, mas encontrou nos livros seu público fiel.
Outro marco foi A Velhinha de Taubaté (1983), sátira política que retratava uma senhora vista como “a última pessoa a acreditar no governo brasileiro”, em plena reta final da ditadura militar.
Entre seus trabalhos mais recentes, destaca-se Verissimas: Frases, reflexões e sacadas sobre quase tudo (2016), uma coletânea leve e bem-humorada de pensamentos, aforismos e observações reunidas ao longo de décadas de escrita.
Além dos livros, Verissimo se destacou também como colunista em jornais de circulação nacional. Seus textos, que transitavam entre a crônica, o humor e a crítica social, marcaram gerações de leitores e ajudaram a consolidar sua reputação como mestre do gênero.
Luis Fernando Verissimo , falecido neste sábado (30), aos 88 anos, deixa um legado vasto, recheado de personagens memoráveis e obras que misturam humor, ironia e reflexão, sempre com o olhar afiado sobre a vida cotidiana e a sociedade brasileira.
As principais obras de Luis Fernando Verissimo
- As Cobras (1975, ed. Milha, relançado pela Objetiva em 2010)
- Sexo na Cabeça (1980, L&PM, relançado pela Objetiva/2002)
- A Mesa Voadora (1982, ed. Globo, relançado pela Objetiva em 2001)
- A Velhinha de Taubaté (1983, L&PM)
- O Jardim do Diabo (1987, L&PM relançado pela Objetiva em 2005)
- Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva)
- O Santinho (1991, ed. L&PM, relançado pela Objetiva, 2002)
- Gula – O Clube dos Anjos (1998, Objetiva, coleção Plenos Pecados)
- Histórias Brasileiras de Verão (1999, Objetiva)
- A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto (1999, Editora Objetiva)
- As Mentiras que os Homens Contam (2000, Objetiva)
- Comédias para se Ler na Escola (2000, Editora Objetiva)
- Banquete Com os Deuses (2002, Objetiva)
- Poesia Numa Hora Dessas?! (2002, Objetiva)
- Todas as Histórias do Analista de Bagé (2002, Objetiva)
- O Melhor das Comédias da Vida Privada (2004, Objetiva)
- O Opositor (2004, Objetiva, coleção Cinco Dedos de Prosa)
- Aventuras da Família Brasil (reedição, 2005, Objetiva)
- A Décima Segunda Noite (2006, Editora Objetiva, coleção Devorando Shakespeare)
- As Melhores do Analista de Bagé (Objetiva, 2007)
- Mais Comédias para Ler na Escola (2008, Objetiva)
- O Mundo é Bárbaro (Objetiva, 2008)
- Comédias Brasileiras de Verão (Objetiva, 2009)
- Os Espiões (2009, Objetiva)
- Ed Mort – Em Algum Lugar do Paraíso (2010, Editora Objetiva)
- Diálogos Impossíveis (2012, Editora Objetiva)
- Verissimas: Frases, reflexões e sacadas sobre quase tudo (2016, Editora Objetiva)
- Informe do Planeta Azul e Outras Histórias (2018, Boa Companhia)
- Verissimo antológico: Meio século de crônicas, ou coisa parecida
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