Vice da AP de Gaza Denuncia Tentativa de Homicídio e Furto Após Acusações à Governadora



Segundo o auto de denúncia nº 110/CDPRM-L/2025, registado no Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM) de Limpopo, o incidente ocorreu na zona rural, no dia 11 de Julho de 2025, por volta das 10h45.


De acordo com o documento, indivíduos ainda não identificados arrombaram a porta principal da casa de Navalha recorrendo a um objecto contundente não especificado. Do local, os assaltantes subtraíram vários bens, entre os quais: 21 cadeiras plásticas de cor verde-escuro, um televisor plasma da marca Telenfunk, três pares de sapatos (duas sapatilhas brancos e um par de encaixes castanhos), quatro cortinas cinzentas novas, cinco litros de óleo, um favo de 60 ovos, duas embalagens de caldo e dois conjuntos de copos de vidro. O valor total dos bens furtados está estimado em cerca de 57.160,00 meticais.


Nas redes sociais, Navalha lançou um alerta dramático à população de Chicumbane e Gaza, afirmando que o ataque seria uma tentativa de assassinato: “Eles tentaram me matar. Invadiram a minha casa, arrombaram a porta e felizmente eu não estava lá. Se me matarem, que o meu sangue não seja em vão. Que sirva de lição para todos”, escreveu.


O político apelou à vigilância e à resistência da população local, alertando que recebeu ameaças de morte e que os supostos autores continuam à solta.



As autoridades policiais confirmaram a abertura de um inquérito e asseguraram que diligências estão em curso para identificar e capturar os responsáveis.


De referir que recentemente o vice-presidente da Assembleia Provincial de Gaza, Agnaldo Navalha, acusou publicamente a governadora da província, Margarida Mapandzene, de ter realizado uma “festa milionária” e oferecido diversos bens ao Presidente da República, no âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional.


Segundo Navalha, os festejos ocorreram num momento de dificuldades socioeconómicas para a população, e levantam questões sobre a origem dos fundos utilizados. Navalha avança que enquanto o povo enfrenta pobreza, foram gastos valores avultados numa festa e em ofertas ao chefe do Estado. A pergunta é: de onde veio esse dinheiro?


Em causa estão declarações públicas em que Navalha criticou a realização de duas festas consideradas “pomposas” e questionou os presentes oferecidos ao Presidente da República durante as celebrações do Dia da Independência.


Fontes próximas do processo confirmam que algumas pessoas já foram ouvidas no âmbito das diligências preliminares. Navalha, no entanto, diz-se tranquilo:


“Não estou preocupado. O Presidente recebeu os bens de forma pública, e a governadora afirmou serem contribuições. Apenas perguntei: quem são os contribuintes e qual foi a modalidade de entrega?”, declarou, sublinhando que se limitou a exercer o direito de fiscalização consagrado por lei aos deputados provinciais.


O deputado critica ainda o que considera uma tentativa de silenciar vozes críticas:


“Estamos vivendo tempos difíceis. Questionar virou crime. E ainda têm coragem de dizer que vão controlar tudo. Isso põe em causa a seriedade do sistema judicial.”


Navalha invoca a Lei da Probidade Pública, que estabelece limites claros para a aceitação de ofertas por gestores públicos, para sustentar as suas preocupações sobre a origem e a legalidade das “contribuições” ao Chefe de Estado.


Navalha defende que quem deveria ser notificada para prestar esclarecimentos é a própria governadora e explicou que o seu dever é questionar o uso de recursos públicos, e diz que vai continuar a perguntar.