O ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane, acusou o Presidente da República, Daniel Chapo de mentir sobre o conteúdo dos encontros havidos em Março e Maio.
Entrevistado pelo jornal electrónico “Mozambique Times”, Mondlane disse que Chapo não foi sincero ao negar a existência de acordos alcançados durante os dois encontros, realizados a 23 de Março e 20 de Maio.
Mondlane disse que ele e Chapo chegaram a um consenso sobre quatro pontos, incluindo a “libertação de todos os detidos em conexão com os protestos pós-eleitorais”. Os outros pontos acordados, segundo Mondlane, foram a cessação de todas as formas de violência por ambas as partes; tratamento médico gratuito, no âmbito do Sistema Nacional de Saúde, para todos os feridos durante os protestos; e apoio às famílias dos mortos na violência, tanto civis como polícias.
As declarações de Mondlane surgem na sequência de uma recente entrevista de Chapo à CNN-Portugal, na qual este negou ter chegado a qualquer acordo com o ex-candidato presidencial.
“Na primeira reunião, realizada no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, fui eu que propus os quatro pontos que foram acordados e foi o próprio Presidente Chapo que fez o resumo final, na presença dos facilitadores”, disse Mondlane.
Os facilitadores incluíam um antigo ministro do Interior, Óscar Monteiro, um dos mais importantes escritores do País, Luís Bernardo Honwana, os académicos Severino Ngoenha e Narciso Matos, e os advogados Carlos Martins e Tomás Timbane.
“Na segunda reunião, esses pontos foram revisitados e reafirmados, e foi acrescentado um quinto tópico relativo à ‘criação do partido político da VM’. O consenso foi alcançado mais uma vez, testemunhado pelos facilitadores acima mencionados, com a adição de mais um participante: Teodato Hunguana (antigo Ministro da Informação e antigo juiz do Conselho Constitucional)”, acrescentou Mondlane.
Mas Chapo tem negado publicamente a existência de quaisquer acordos ou consensos, primeiro em declarações aos media moçambicanos e, mais recentemente, numa entrevista à CNN Portugal, onde declarou: “Não há acordo com Venâncio Mondlane. E onde não há acordo, não há nada a cumprir”.
Chapo reconheceu que “houve reuniões”, mas insistiu que não tinham estatuto formal, alegando que o seu objectivo era “pacificar o País” e combater o “discurso de ódio”.
Mondlane disse que “um dos assuntos que o outro lado nunca quis formalizar foi a assinatura das actas e resumos dos acordos. Foram sempre evasivos e adiaram repetidamente o acto”. No entanto, sublinhou que “estiveram presentes testemunhas, para que se pudesse fazer fé no que foi discutido e acordado”.
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