Pacientes do Hospital Central de Nampula Forçados a Comprar Material Médico para Cirurgias



O Hospital Central de Nampula, uma das principais unidades sanitárias de referência no norte do País, está a enfrentar uma grave escassez de materiais cirúrgicos essenciais, com destaque para compressas, o que tem forçado o adiamento de cirurgias e colocado em risco a vida de dezenas de pacientes.


Segundo uma publicação do Jornal Rigor, os doentes que necessitam de intervenção cirúrgica estão a ser orientados a adquirir, por meios próprios, os materiais indispensáveis para a operação. Entre os itens exigidos incluem-se compressas, fitas adesivas e até prensas cirúrgicas — um cenário alarmante que tem gerado perplexidade e indignação entre os utentes.


“Sou paciente. Fiz exames e hoje devia continuar o atendimento. Mas como não há material, só quem traz os seus próprios utensílios é que é atendido. Isso mostra que o hospital não tem equipamento, mas, mesmo assim, continua a receber doentes, desde que tragam tudo por conta própria”, relatou um utente sob anonimato, citado na mesma publicação.


Outro paciente, igualmente anónimo, desabafou: “Se for uma doença grave, ainda aceitam acompanhar. Mas não devia ser com material do próprio doente, o hospital devia garantir tratamento digno a todos, sem distinção.”


As compressas são fundamentais em qualquer procedimento cirúrgico: servem para absorver sangue, controlar hemorragias, limpar fluidos, proteger tecidos e manter o campo operatório limpo e visível para o cirurgião. A sua ausência compromete seriamente a segurança das operações, podendo provocar infecções graves, complicações pós-operatórias e até mortes. A falta deste material numa unidade de referência como o Hospital Central de Nampula representa uma falha estrutural com consequências potencialmente trágicas.


A situação está a causar alarme público e a levantar sérias questões sobre a gestão de insumos hospitalares, a transparência na cadeia de fornecimento e o respeito pelo direito à saúde consagrado na Constituição da República.


Apesar de os relatos se acumularem desde a semana passada, até ao momento as autoridades de saúde da província mantêm-se em silêncio, enquanto, ao nível do hospital, o assunto é tratado com total sigilo.