A proposta surgiu logo após Webster ganhar notoriedade com três exposições consecutivas, que resultaram em uma fila de espera para aquisição de suas obras. O suposto interesse da estrela pop poderia impulsionar sua carreira ainda mais. Ela ofereceu a pintura Happy Valley, uma cena pastoral multicolorida de cerca de 2×3 metros. O suposto comprador aceitou, pediu desconto e recebeu uma solicitação para confirmar sua identidade.
“Muito amor é colocado no trabalho, e eu procuro ser cuidadosa com o destino das pinturas ao saírem do ateliê. Eu normalmente vendo para colecionadores que conheço pessoalmente. Você poderia, por favor, verificar sua identidade de alguma forma…? Empolgada para fazer parte da sua linda coleção de arte!”, escreveu a artista.
A resposta veio acompanhada de uma selfie de Lady Gaga em casa, com suéter cinza, óculos pretos e brincos de argola. O e-mail dizia: “Aqui vai um registro rápido antes de cair na estrada! Vou viajar hoje à noite, mas minha querida assistente ficará de olho nos e-mails e cuidará dos pagamentos”.
O pagamento de US$ 55 mil foi realizado, e a obra enviada. Emma ainda fez um pedido: “Também peço, educadamente, que não revenda a pintura por cinco anos. Espero que esteja tudo bem — o mercado está louco com revenda de arte no momento”. “Com certeza, NUNCA vou vender”, respondeu o contato, encerrando a troca de mensagens.
Dois anos depois, o pai de Emma viu a pintura Happy Valley em um post no Instagram da tradicional casa de leilões Christie’s, em Hong Kong. “Pensei: ‘Por que diabos a Lady Gaga estaria leiloando essa pintura?’”, disse Emma ao ser alertada.
Ao revisar os documentos antigos, Webster notou discrepâncias: o recibo de envio indicava um armazenamento provisório, e o suposto “gerente da casa”, identificado como Chris Horton, sequer constava oficialmente como destinatário.
Depois de ver o anúncio do leilão, ela procurou o empresário de Lady Gaga, Bobby Campbell. A resposta foi direta: “Receio que você tenha sido enganada por alguém que fingiu ser ela. Ela não tem esse e-mail, nem temos um gerente da casa chamado Chris. Sinto muito que você tenha sido vítima desse golpe”.
A obra foi consignada à Christie’s por Matt Chung, galerista de Hong Kong. Ao receber a notificação de Webster, ele declarou que adquiriu a obra de John Wolf, especialista em arte de Los Angeles, e que também teria sido enganado.
Para tentar resolver, ele chegou a oferecer 30% do valor de venda em leilão, proposta que Webster recusou. No mês passado, Chung entrou com uma ação civil em Hong Kong, alegando ter um contrato válido com a Christie’s e exigindo a devolução da pintura.
A Christie’s, por sua vez, retirou a obra do leilão, mas informou que seguirá com a posse até que a disputa judicial seja resolvida. O advogado de Emma Webster, Thaddeus Stauber, disse que o caso está sendo investigado pelo FBI, que ainda não comentou oficialmente.
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