O antigo avançado Louis Saha crê que Ruben Amorim é o "treinador certo" para o Manchester United interromper a "verdadeira crise" que atravessa, traduzida num hiato de 12 anos sem vencer o principal campeonato inglês de futebol.
Em entrevista à Lusa, o ex-jogador francês entende que o clube de Old Trafford passou por uma "fase de transição que nunca é fácil" após o último título da Premier League, na época 2012/13, mas considera que a equipa que representou entre 2003 e 2008 tem falhado nas escolhas de jogadores e de treinadores e vive uma "verdadeira crise", que deseja ver solucionada pelo português de 40 anos.
"Estamos a falar de um grande clube que merece melhor. Julgo que tem o treinador certo para fazer a 'cirurgia' de que precisa. Não vai ser fácil. Se ele dispor dos jogadores certos, pode fazer um excelente trabalho", realçou, a partir de um campo de treino para crianças e jovens no Pine Cliffs Resort, no concelho algarvio de Albufeira.
Autor de 42 golos em 124 jogos pelos 'red devils', campeões por 13 vezes entre 1992/93 e 2012/13 antes do presente 'jejum', Saha admite que foi "doloroso assistir" ao 15.º lugar da época transata, pior classificação do United desde 1973/74, época em que foi 21.º classificado e despromovido ao segundo escalão.
Vinculado aos ingleses desde novembro de 2024, após quatro anos e meio no Sporting, no qual contribuiu para três títulos da I Liga portuguesa, Ruben Amorim é, para Saha, um técnico que se distingue pela capacidade de comunicação, pela honestidade e pelas "ideias muito bem definidas sobre como jogar", precisando de corrigir alguns erros cometidos em 2024/25.
"Precisa de retificar alguns erros cometidos no ano passado e de perceber que nada será fácil. Ele também está disposto a melhorar, assim como os jogadores. Se crescer em conjunto com os jogadores, vai ter sucesso", vaticina o ex-futebolista, hoje com 46 anos.
Apesar de considerar importante o apuramento para as competições da UEFA na próxima época e a adoção de "um modelo de jogo entendido por todos os jogadores do plantel", o antigo internacional francês crê que a principal missão do português é voltar a tornar o clube "respeitado e temido", principalmente como anfitrião.
"Qualquer equipa que vá a Manchester deve pensar que tem pela frente um jogo difícil. Vejo equipas do meio da tabela convencidas de que vão derrotar o United, com tantos erros no campo, tantas polémicas na imprensa. O Manchester United tem de voltar a garantir o básico: ser respeitado e temido. Que, pelo menos, Old Trafford volte a ser um 'cemitério' para as outras equipas", realça.
Embora olhe para a Premier League como o campeonato "mais difícil do mundo", com sete equipas capazes de "chegar ao topo", o antigo dianteiro crê que os 'red devils' podem e devem "encontrar um equilíbrio" para se aproximarem do tempo em que dominavam o futebol inglês, com Alex Ferguson, treinador do clube entre 1986/87 e 2012/13, e David Gill, diretor executivo entre 2003 e 2013.
Saha recorda que o técnico escocês, hoje com 83 anos, "conhecia a fundo qualquer jogador que escolhia, as suas famílias, os seus problemas, as suas fraquezas, as suas forças" e que, naquele tempo, "tudo funcionava como uma sinfonia" em Manchester, dentro e fora do campo.
Desagradado com "algumas más contratações" nos últimos anos e com casos de jogadores "a serem pagos bem mais do que o que deveriam, ganhando demasiado cedo o estatuto de estrelas", o gaulês crê que o internacional luso Bruno Fernandes tem feito "um trabalho fantástico" como médio e capitão, vendo-se obrigado a encobrir fraquezas a que os capitães dos anos vitoriosos não estiveram sujeitos.
"A pressão a que o Bruno esteve sujeito nas últimas épocas foi demasiada. Qualquer fraqueza é logo apontada. Capitães como o Roy Keane não tiveram os desafios que ele tem, porque o Manchester United era uma equipa vencedora em campo. Não havia estas crises de confiança. Pedir a um capitão para fazer algo que outros capitães do United nunca precisaram de fazer é injusto", vinca.
Mesmo que haja margem para melhorar, Saha vinca que o português, de 30 anos, tem marcado e assistido -- soma 98 golos e 84 assistências em seis temporadas -- e deve "continuar a ser fiel a si próprio para liderar" os 'red devils' em 2025/26.
O antigo ponta de lança do 'United' considera também que o lateral direito Diogo Dalot, internacional português de 26 anos, pode "ajudar a equipa a nível ofensivo" na época que se aproxima caso esteja "rodeado de jogadores confiantes", até porque teve uma temporada 2023/24 "bem conseguida", antes de sentir "mais dificuldades" na época transata.
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