Quando o pequeno Bernardo nasceu, ainda na sala de cirurgia, um detalhe surpreendente chamou a atenção da equipe médica e dos pais: o bebê veio ao mundo com o dispositivo intra-uterino (DIU) da mãe colado ao corpo, mais precisamente na região do bumbum. A imagem do momento, registrada logo após o parto, viralizou nas redes sociais e gerou repercussão imediata.
A cena foi compartilhada pela ginecologista e obstetra Rafaela Frota, que realizou o parto. Em publicação no Instagram, ela escreveu:
“Esse é o pequeno Bernardo. Nasceu hoje por uma cesariana de emergência, chegou chegando e estreou nesse mundão com o DIU da mamãe coladinho no bumbum.”
Segundo a médica, o DIU não perfurava a pele do bebê. Ele estava apenas aderido ao vernix caseoso, uma substância esbranquiçada que recobre e protege a pele dos recém-nascidos. Rafaela explica que, embora o DIU seja um método contraceptivo altamente eficaz, com mais de 99% de segurança, há uma pequena taxa de falha.
“O DIU é um método muito seguro, mas, como qualquer outro, possui uma chance mínima de falha,” afirmou.
A mãe de Bernardo, Amanda Gomes, de 31 anos, conta que sempre foi cuidadosa com o acompanhamento do dispositivo. Ela utilizou o DIU de cobre por cinco anos e, em 2021, trocou para a versão hormonal Kyleena. Desde então, realizava exames de rotina e ultrassonografias regularmente.
“Com o DIU hormonal, eu não menstruava há quase três anos. Um dia tive um grande sangramento e achei que o DIU tivesse se deslocado. Fiz exames e foi aí que detectaram uma gestação de cerca de nove semanas, com batimentos cardíacos. Foi um choque total,” relembra Amanda.
Por conta da presença do DIU e de outros fatores, a gravidez foi considerada de alto risco desde o início. Amanda enfrentou dois grandes sangramentos e tinha o colo uterino mais curto do que o esperado para a idade gestacional. O acompanhamento médico foi intenso, com recomendações de repouso e cuidados redobrados.
O parto aconteceu em 4 de maio, após Amanda perceber novo sangramento. Na maternidade, exames indicaram que a bolsa havia se rompido e o bebê apresentava taquicardia. Diante do quadro, a equipe optou por uma cesariana de emergência. Bernardo nasceu com 35 semanas e 5 dias — considerado prematuro — mas não precisou de UTI neonatal.
“Fizemos a aplicação prévia de corticoide para amadurecimento dos pulmões. Felizmente, ele nasceu muito bem e já está em casa conosco,” comemora Amanda.
O momento mais surpreendente veio logo após o parto. Ao mostrar o bebê à mãe, a equipe percebeu que o DIU havia saído junto com ele, colado ao corpo.
“A médica trouxe o Bernardo para perto de mim e o papai tirou a foto. Foi uma mistura de riso, emoção e surpresa. Um momento que jamais vamos esquecer,” conta Amanda.
A Dra. Rafaela explica que, em gestações com DIU, é possível que o dispositivo mude de posição, se desloque ou até entre em contato com a placenta ou com o bebê, especialmente quando há rompimento precoce da bolsa. No caso de Bernardo, a aderência à pele foi superficial e sem riscos.
Quando a gravidez é detectada com o DIU ainda no útero, a recomendação é avaliar a possibilidade de remoção segura. Se houver riscos para o embrião, a tendência é manter o dispositivo e seguir com acompanhamento especializado.
Mesmo após a experiência, Amanda reforça sua confiança no método:
“Já usei pílulas e dois tipos de DIU. O Kyleena foi o mais confortável para mim. Sabendo que tudo foi bem acompanhado e que vencemos tantos obstáculos, acredito que era para acontecer. Respeito quem não acredita, mas eu vivi milagres,” finaliza.
fonte: metrópoles
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