
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, manteve uma conversa telefônica com o bilionário americano Elon Musk, na segunda-feira, para abordar preocupações sobre desinformação relacionada às reformas agrárias do país. A ligação ocorreu após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar o governo sul-africano de confiscar terras e violar direitos humanos, ameaçando cortar a ajuda externa ao país.
Em um comunicado divulgado na terça-feira, a presidência sul-africana afirmou que Ramaphosa reiterou a Musk os valores constitucionais do país, incluindo o respeito ao Estado de direito, justiça, imparcialidade e igualdade. A conversa foi descrita como uma tentativa de esclarecer os objetivos das reformas agrárias e combater narrativas equivocadas.
No domingo, Trump publicou em sua plataforma Truth Social uma mensagem criticando a África do Sul, alegando que o governo estava confiscando terras e tratando certos grupos de forma injusta. “A África do Sul está confiscando terras e tratando certas classes de pessoas MUITO MAL. … Uma enorme VIOLAÇÃO dos Direitos Humanos, no mínimo, está acontecendo para todos verem”, escreveu o ex-presidente americano.
Ramaphosa negou veementemente as acusações, destacando que a Lei de Expropriação, aprovada recentemente, não se trata de um instrumento de confisco, mas de um processo legal constitucionalmente válido. “A Lei de Expropriação adotada recentemente não é um instrumento de confisco, mas um processo legal constitucionalmente obrigatório que garante o acesso público à terra de forma justa e equitativa, conforme orientado pela constituição”, afirmou o presidente em um comunicado separado. Ele reforçou que “o governo sul-africano não confiscou nenhuma terra”.
Elon Musk, que cresceu em Pretória e Durban e é dono da plataforma X (antigo Twitter), entre outras empresas, também tem sido crítico do governo sul-africano. Apesar disso, a conversa com Ramaphosa parece ter sido focada em esclarecer mal-entendidos sobre as políticas agrárias do país.
A questão da terra é extremamente sensível na África do Sul, onde a maioria dos recursos naturais ainda está concentrada nas mãos de uma minoria branca, um legado do regime do apartheid. Durante esse período, milhões de pessoas negras e não brancas foram forçadas a abandonar suas terras devido a políticas racistas. Mesmo após o fim do apartheid, a desigualdade no acesso à terra persiste, com a maioria das fazendas comerciais ainda sob propriedade de brancos.
As reformas agrárias têm como objetivo corrigir essas disparidades históricas, garantindo uma distribuição mais justa e equitativa dos recursos. O governo sul-africano insiste que o processo está sendo conduzido dentro dos limites da lei e da constituição, sem violações de direitos humanos. A controvérsia gerada pelas declarações de Trump e as críticas de Musk destacam os desafios contínuos que o país enfrenta ao lidar com seu passado e construir um futuro mais inclusivo.
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