Afinal, Não Existe Ponto G (E Está Instalada A Polémica)



Quando o tema é sexo e prazer feminino muitas são as conversas em torno do ponto G. Agora, um antigo concorrente do Big Brother Brasil, que é sexólogo de profissão, vem lançar a polémica ao garantir que o afamado ponto de prazer feminino não passa de um mito. Aliás, vai mesmo mais longe e refere que não existem trabalhos científicos que atestem a existência do ponto G.


“Não existe! Durante séculos, a sexualidade feminina foi vista como um ‘mal necessário’ para a procriação. Não foram feitos muitos estudos sobre a anatomia e o prazer sexual feminino. Se dissecar uma vulva, não vai encontrar nada que seja esse ponto G. Não tem como afirmar uma coisa que não existe”, começa por dizer Mahmoud Baydoyn em entrevista ao podcast Acompanhadas. O sexólogo explica ainda que as mulheres sentem prazer em toda a extensão da genitália. O que faz, refere, com que a invenção de pontos sexuais seja uma ótima estratégia para várias empresas que lucram com a “preocupação e insegurança” das mulheres. “As pessoas inventam pontos no corpo para vender um vibrador. As mulheres ficam desesperadas, a comprar todos os vibradores do mundo quando, na verdade, elas mesmas têm que descobrir o próprio prazer. Cada pessoa relaciona-se de forma diferente”, termina.


Existe ponto G ou não?

Mas será mesmo assim? De acordo com a sexóloga Claudia Petry, muitos especialistas acreditam mesmo na existência do ponto G. Que é uma área de maior sensibilidade no interior da vagina. E que pode levar a um maior (e mais intenso) prazer sexual. Ainda assim, outros pensam como Mahmoud Baydoyn. “Para mim, que educo sexualmente homens e mulheres, o mais importante é focar em conhecer o próprio corpo e saber onde sentimos prazer, ao invés de nos preocuparmos com os nomes específicos. Afinal, é daí que surge a autonomia sexual que nos liberta de ‘convenções sociais’”, explica ao Metrópoles.


Origem da teoria do ponto G

A teoria do ponto G nasceu em 1950 devido a Ernst Gräfenberg e a um trabalho que acabou aceite pela comunidade científica. “Esse estudo científico descreve uma área sensível na parede anterior da vagina que poderia proporcionar prazer intenso quando estimulada. Esse estudo foi um marco na compreensão do ponto G, portanto, entendo que, em 1950, tomou-se como verdade e o estudo científico foi aceite”, argumenta a sexóloga. “Acredita-se mais que se trate da parte atrás do clitóris, portanto, não seria um ‘novo’ ponto e sim o clitóris que só foi descoberto muito depois de 1950”, refere.


“Todo o orgasmo parte do clitóris”

A verdade é que há muito que o ponto G é mencionado como a principal área erógena das mulheres. Mas, a ser verdade que não existe, o que afinal leva a orgasmos femininos mais intensos? “Atualmente, dizemos que todo o orgasmo parte do clitóris. Então, não existe o orgasmo vaginal, anal ou do seio, por exemplo. Tudo parte do clitóris. Não precisa ter toque genital, mas se o clitóris for ativado, o prazer virá dele”, explica Claudia Petry. Que realça que o importante é que existam conversas sobre o prazer feminino. “Muitas mulheres nem sequer sabem como é ou funciona o seu clitóris. Precisamos de uma sociedade que fale abertamente sobre o prazer da mulher, inclusive entre nós, mulheres”, termina.


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