Frelimo Limpou Caixa De E-mail De Chang



O e-mail institucional do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, detido na cadeia de Modderbee, Joanesburgo, em conexão com o calote que deixou Moçambique de rastos, está vazio. Quem o afirma é o próprio Estado moçambicano, respondendo a uma solicitação do juiz Robin Knowle , do tribunal de Londres, que julga o processo das dívidas ocultas.


Alega, o Estado moçambicano (Frelimo), que o e-mail de Chang “está vazio por não ter sido utilizado”. Retorquindo, o tribunal de Londres diz que o email do Chang “estava operacional e que o que aconteceu foi que o seu conteúdo parece ter sido apagado” e exige que se recupere a informação que estava no email. “Esta conta (de email) institucional do Sr. Chang é potencialmente muito importante, e eu vou acompanhar de perto os esforços que a República faz aqui para chegar aos dados subjacentes, apesar da eliminação”, escreveu o juiz na sua decisão.


Afinal quais são os interesses em jogo? Não restam dúvidas de que Filipe Nyusi está metido, até ao pescoço, no calote. Aliás, a Privinvest, empresa no centro do calote, informou ao tribunal londrino que pagou milhões de dólares a Filipe Nyusi, ao partido Frelimo e a outros altos dirigentes do Estado. O juiz da causa, por sua vez, falou também da posição individual de Filipe Nyusi que põe em risco a posição do Estado: “Já referi que o Presidente (Filipe Nyusi) faz parte neste litígio. Ele é também a pessoa que tem, ao que parece, a autoridade máxima para aceder aos documentos mais importantes do Estado, nas entidades mais importantes do Estado. Pode ser que seja a sua posição individual que ponha em risco a posição da República”.


E porque Filipe Nyusi não está acima do Estado moçambicano, o juiz atira: “A responsabilidade é, no entanto, da República, mesmo quando o seu Presidente se recusa a ajudar por razões que podem ser de interesse próprio. A questão não está necessariamente encerrada. Existe sempre a possibilidade de a República, no interesse do seu povo, explicar o problema ao Tribunal de Justiça, embora eu compreenda perfeitamente o quão difícil isso pode ser”.


Recapitulando: por que Efigénio Baptista negou que Nyusi fosse chamado à BO? Orientações da Frelimo. Por que a PGR até hoje diz que não consegue notificar o Presidente? Porque age a mando da própria Frelimo. Por que até hoje gasta-se milhões de meticais, que não temos, na tentativa de trazer Chang para Moçambique? Porque se ele abrir a boca, em Nova Iorque, Nyusi e muitos dirigentes frelimistas não terão onde se esconder. Agora, não é óbvio por que não querem entregar os documentos que o tribunal de Londres solicita?


O que é o Estado moçambicano, afinal? Cada um dos moçambicanos, mesmo o mais pobre e bêbado, é parte integrante do Estado. Aliás, sem cada um dos moçambicanos, o Estado moçambicano não existiria. Portanto, o que a Frelimo está a fazer não é no interesse do povo moçambicano. É no interesse individual de Nyusi a recusa em entregar os documentos que o tribunal de Londres solicita. Mas nesta recusa, quem sai prejudicado é o povo. Eles, em nome do Estado moçambicano, contraíram uma dívida e distribuíram-se o dinheiro: enriqueceram e os seus filhos estão gordos. Na hora de pagar, o povo, que é o Estado, é que vai pagar. Perceberam?


Agora: cabe a cada um dos moçambicanos pensar, analisar, se é este regime que quer que o governe para sempre. Perguntem-se se efectivamente esses senhores estão a servir o País ou a servirem-se. E na resposta que tiverem, votem com consciência nas próximas eleições!


Justiça Nacional