Sofiane Bennacer. O Caso De Acusação De Violação Que Está A Dividir A França



França está a lidar com um novo escândalo sexual, desta vez no mundo das Artes e do Cinema. Em causa está uma notícia avançada pelo Le Parisien, a 21 de novembro, revelando acusações de violação e assédio ao ator Sofiane Bennacer, de 25 anos, que protagonizou recentemente o filme Les Amandiers, realizado pela sua namorada atual, Valeria Bruni Tedeschi, de 54, irmã de Carla Bruni.





No entanto, as acusações aconteceram já em outubro, estando até agora envolvidas em secretismo. A 24 de novembro, por sua vez, o Liberátion, voltou a trazer o assunto à tona, tendo conversado com algumas das alegadas vítimas.


Carla Bruni, irmã de Tedeschi, namorada atual de Sofiane, veio a público defender o ator, recorrendo à sua conta de Instagram para acusar o Libération de falta de isenção. "Um dos fundamentos da nossa democracia é a presunção de inocência. Sem a presunção de inocência, toda a justiça é incerta, questionável e possivelmente corrupta. O Libé dá-nos lições de moralidade há 40 anos, mas a presunção de inocência é obviamente completamente estranha. Condenar na primeira página de um jornal, hoje em dia, é condenar todalmente. É crucificar alguém, sem sequer saber o que ele ou ela realmente é. É desrespeitar um dos fundamentos das nossas democracias", escreveu a ex primeira-dama. "Lamento ter-te comprado, fi-lo porque acreditei que respeitavas a humanidade, acreditei ingenuamente que eras o jornal que defendia os oprimidos, os desconhecidos, as vítimas da vida, aquele que está sozinho contra a matilha, mas tu és o oposto: não passas de um pobre órgão do estabelecimento que pensavas estar a combater", escreve ainda Carla Bruni, dirigindo-se diretamente ao jornal.


Sofiane Bennacer lançou-se com este filme de Tedeschi, que é um relato dos seus anos de formação teatral na escola de Les Amandiers em Nanterre, sob a direção de Patrice Chéreau. O filme estreou em Cannes em maio passado e estava na lista internacional de longas-metragens daquele que é considerado o "Óscar da França" - o César - antes do seu lançamento nos cinemas franceses em 16 de novembro. Entretanto, a Académie des Césars anula a tribuição da nomeação do prémio Revelations (prémio de revelação) a Sofiane, substituindo-o por outro ator. 


A realizadora e companheira do ator já reagiu, ao dizer que tem "um imenso respeito pela libertação do discurso das mulheres e um apego muito profundo ao facto de poderem ser ouvidas", tendo ela própria sido "abusada na [sua] infância" e conhecendo "a dor de não ter sido levada a sério". Em seguida, declarou-se "indignada que um jornal como o Liberátion pudesse atropelar a presunção de inocência a tal ponto, exibir vergonhosamente esse caso e destacar na primeira página a fotografia de um jovem com sangue na mão."



O escândalo e a decisão tomada pela academia francesa estão a dividir os franceses, que a criticam por manter um apoio contínuo a Roman Polanski, indiciado nos Estados Unidos da América pela violação de uma menina de 13 anos em 1977 e acusado por outras cinco mulheres de agressão sexual e violação. Além disso, o diretor do cinema L'Écran de Saint-Denis (Seine-Saint-Denis), decidiu retirar Les Amandiers da sua programação, que já agora teve 84.000 admissões em cinco dias, estando a passar em 247 cinemas.