Moçambicanos Refugiados No Malawi Clamam Pelo Repatriamento



Cerca de dois mil e quinhentos moçambicanos do distrito de Morrumbala, na Zambézia, que se refugiaram para o distrito de Nsanje, no Malawi, clamam pelo repatriamento.


O clamor, surge numa altura em que se vive um drama humanitário, há cerca de dois meses, depois de o governo do Malawi, cortar ajuda em nove campos onde estão acomodados moçambicanos.


Os moçambicanos que se refugiaram no distrito de Nsanje, por conta da depressão tropical Ana, estão a passar por momentos de crise.


Nos campos falta tudo. A venda de lenha e a prestação de pequenos serviços nas machambas dos malawianos em troca de cem kwachas, cerca de sete meticais para a compra de um copo de farinha de milho, tem sido a tábua de salvação.


O cônsul de Moçambique em Blantyre André Matusse, visitou os nove campos e testemunhou o sofrimento pelo que passam os moçambicanos.


No campo de acomodação de Tengani, onde se encontram 120 famílias, as autoridades locais retiraram tendas e neste momento há moçambicanos a viverem ao relento.


A frustração e o desespero tomou conta dos moçambicanos sem capacidade para regressar às suas casas, onde perderam tudo pela fúria das águas da tempestade tropical Ana.


Em Fevereiro deste ano, quando a presidente do Instituto Nacional de Gestão de Desastres de Moçambique (INGD), Luísa Meque, visitou os campos, ficou acordado com a Organização Internacional das Migrações, para proceder o registo das vítimas moçambicanas para posterior assistência e repatriamento.


Mas desde então aguarda-se pelo INGD para viabilizar a iniciativa.


A falta de registo dificulta a assistência aos moçambicanos que se refugiaram à Nsanje, por não preencherem os requisitos previstos na convenção de Genebra, pois não se enquadram na categoria de refugiados por insegurança ou guerra.


Refira-se que os deslocados de Mutarara, que não passavam vinte pessoas, já regressaram às zonas de origem, estando ainda em Nsanje mais de duas mil pessoas de Morrumbala.