A cantora Patrícia Ribeiro foi detida em 2016 pelo crime de extorsão. A artista, considerada a primeira cantora transgénero de Portugal, juntamente com o ex-namorado extorquiu um cliente, um empresário, ameaçando o homem com a divulgação de fotografias íntimas caso este não pagasse o valor de 400 mil euros.
Foi detida em dezembro de 2016 e condenada em tribunal. Cumpriu pena de prisão durante seis anos, mas apenas passados oito anos, em maio deste ano, recebeu o despacho [emitido pelo juiz em dezembro de 2024] que lhe concede "liberdade definitiva".
Na terça-feira, 9 de dezembro, Patrícia Ribeiro recordou, através de um emotivo desabafo, o dia em que a polícia lhe bateu à porta para a levar.
"Meus queridos seguidores, pode parecer estranho este post, mas na verdade o mesmo tem um enorme significado de vida. Estamos em 9/12/2025 mas no dia 9/12/2016 algo terrível aconteceu na minha vida", começou por dizer.
"Pelas 9h00 da manhã, aproximadamente, liguei à minha avó para lhe dar um bom dia e, de seguida, tocam à campainha. Eram 9h30 da manhã, pergunto «quem é?» e do outro lado ouço várias vozes: «polícia»", lê-se na partilha.
"Abro de imediato e eis que o pesadelo começa naquele momento, o mundo desabou, é me apresentado um mandado de busca domiciliária e a minha casa é revirada de uma ponta a outra, são me aprendidos computadores, telefones, entre outros aparelhos digitais. Fico nervosa, os inspetores explicam-me o motivo, que obviamente já sabia e sou detida. Chorei, pedi para deixar comida à minha gatinha, estava um frio de rachar, vesti dois casacos, fazem-me mil e uma perguntas. Senti-me um lixo e nessa noite levaram-me para os calabouços de Moscavide, para no dia seguinte ser presente a um juiz para primeiro interrogatório judicial.
Estava há várias noites sem dormir, não estava bem, confesso, fiz escolhas erradas, adotei um estilo de vida pouco convencional. Tiraram-me os atacadores dos ténis, dormi com a mesma roupa, senti-me lixo. E no dia 10 de dezembro de 2016, pela manhã, dirigem-me ao Campus de Justiça, em Lisboa, para prestar declarações ao Sr. Dr. juiz, tentei discursar, atrapalhei-me, não consegui, saí da sala e fiquei um dia inteiro numa cela cheia de gente a aguardar a decisão. Ao fim da noite vem um funcionário judicial e informa o pior: prisão preventiva", continuou a cantora, que acabou a cumprir pena de prisão em Tires.
Por fim, Patrícia Ribeiro mostrou-se profundamente arrependida do crime cometido e, uma vez mais, pediu perdão à vítima.
"O mundo desabou, era eu única ali, naquela cela gelada, chorei, gritei como uma criança abandonada, não acreditava, fui transportada para a Prisão de Tires, mas o pior ainda estava para vir: dar a notícia àquela que sempre me protegeu, a senhora minha avó. Foi duro, mas cumpri até a pena de prisão na totalidade, chegou ao fim e eu quero pedir perdão à vítima, estou muito arrependida, foram oito anos, obrigada a todos os que me apoiaram. Obrigada a Deus por me perdoar. Não há nada melhor que a liberdade", terminou.

Sem comentários:
Enviar um comentário