A morte de Clara Pinto Correia deixou o país em choque. Esta terça-feira, 9 de dezembro, a escritora de 65 anos foi encontrada morta na sua própria casa, em Estremoz, no Alentejo, tendo já sido revelados os resultados da autópsia.
Esta sexta-feira, dia 12, no dia em que se realizam as cerimónias fúnebres, Heitor Lourenço deixou uma homenagem e fez algumas revelações sobre a relação de amizade entre os dois: "Hoje é o dia em que o mundo se despede da Clara Pinto Correia. Tenho o dever e a obrigação de agradecer publicamente o impacto que a Clara teve na minha vida. No princípio da minha vida dita adulta andava confuso. Ouvia mais 'não podes' do que 'faz o que quiseres', as gavetas que me queriam enfiar eram muitas. Eu não encaixava. Não queria. Queria outras coisas. E de repente dei de caras com a luminosidade de pensamento e maneira de estar da Clara. Que me dizia que era possível. Rasgava de cima abaixo todas as maneiras preconcebidas. Questionava. Era liberdade. Se hoje estou aqui devo à influência primeira da Clara. Teve um grande impacto", escreveu.
"Como disse hoje o presidente Marcelo na sua despedida: 'há corpos celeste que marcam… associar a morte à Clara é impossível'. O impacto da Clara é mundial. Em mim fundamental. Um beijo enorme às queridas irmãs que lhe deram tanto e que tanto receberam", acrescentou.
"Não resisto, e porque se impõe, partilhar as palavras Clara do seu último livro do ano passado, na dedicatória, que certamente muitos dos que falam, com muitas certezas, não leram. Nem este nem outros. Começa assim (sem nunca poder acabar): 'Dedico estas histórias às minhas três irmãs, Rosário, Teresa e Margarida. Foram elas quem tornou possível eu continuar a viver depois de perder tudo, perante os bloqueios mais destrutivos que podem envenenar a vida intelectual portuguesa. Foram elas que me permitiram preservar intacto o meu Universo interior até ser capaz de dar dele o meu melhor aos leitores - os mesmos leitores que, com frequência, de tanto não saberem de mim já me tinham dado por morta'. Obrigado Clara. Um beijinho para vocês as quatro: Clara, Rô, Teresa e à minha amiga maior", rematou.

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