Júlio Isidro Faz Confissão Surpreendente: 'Prefiro Ser Conhecido Como um Senhor da Televisão!'

 


Júlio Isidro é um dos protagonistas da primeira série de ficção em áudio da rádio Comercial, "2050 – 25 Anos do Terramoto de Lisboa". Em entrevista, o veterano comunicador português contou-nos como correu esta experiência radiofónica que o fez recuar ao tempo das radionovelas.


2050 – 25 Anos do Terramoto de Lisboa" é o nome da primeira série de ficção em áudio da rádio Comercial, lançada recentemente. No âmbito da estreia do projeto, o Fama ao Minuto conversou com um dos protagonistas deste projeto que conta com um elenco de luxo. 


A história de ficção, produzida em parceira com o Quake - Museu do Terramoto, ganha voz com nomes como Afonso Pimentel, Gabriela Barros, Pedro Teixeira ou Júlio Isidro. Satisfeito por fazer parte deste elenco, o veterano comunicador contou-nos em entrevista como correu esta experiência. 

Júlio Isidro, que recusa o título de "senhor televisão", deixou-nos claro que a rádio é um dos seus dois amores e mostrou-se orgulhoso por fazer parte desta série de ficção em áudio, escrita por Patrícia Reis, que o fez recuar ao tempo das radionovelas. 

Aceitou imediatamente o convite para fazer parte deste projeto?

Sem dúvida! O terramoto de 1755 não foi apenas um facto histórico. 270 anos depois deve continuar a ser um motivo da nossa atenção já que a sua repetição é sempre uma possibilidade.

Fazer parte de um formato - série de ficção em áudio - que teve enorme sucesso durante uma determinada época em Portugal fá-lo recuar no tempo?

Sou do tempo do romance "A coxinha do Tide", que as minhas avós ouviam atentamente. A radionovela foi também uma forma de teatro radiofónico que deu a conhecer grandes autores e peças interpretadas pela nata dos nossos atores. Recuei ao tempo das rádios comerciais e também da Emissora Nacional, no chamado teatro invisível. Era cultura o que se ouvia.

Como foi para alguém tão habituado a estar diante das câmaras, atuar usado apenas a voz?

É o que faço mais. Se os espectadores me conhecem a cara, a minha voz é também a minha imagem de marca. Tenho muitos anos de rádio a contar e descrever imagens. Durante uma hora mudei o registo para essa forma de comunicação que vive sobretudo dos sons.

Teve oportunidade de cruzar-se com o restante elenco, como correu a experiência e interação? 

Do elenco, só me cruzei com um jovem que fazia o papel de jornalista e a interação foi excelente.

As radionovelas tiveram grande popularidade em Portugal entre 1950 e 1970, nos dias de hoje com o formato podcast é possível fazer com que as pessoas voltem a interessar-se por este formato?

Em vez de ouvirem num aparelho de rádio, ouvem agora no computador, no iPad ou no telemóvel. Ouvir e imaginar através da palavra é um exercício muito salutar para estimular a imaginação e construir as nossas próprias histórias. Espero que as pessoas venham a gostar, estranham e depois entranham.

Durante as gravações, deu por si a pensar "e se de facto existir" um novo terramoto em Lisboa? É uma temática que o preocupa particularmente?

Na interpretação vesti o papel de um historiador. Como disse, sei que Portugal assenta numa falha tectónica e não está livre de outro sismo. O que me preocupa é saber se as novas construções são mesmo antisísmicas e se as pessoas estão informadas e preparadas para uma muito indesejável réplica de 1755.

É conhecido como "o senhor televisão", mas a rádio tem igualmente um lugar especial no seu coração?

Prefiro ser conhecido como um "senhor que trabalha em televisão". 65 anos à frente das câmaras, 57 anos atrás de microfones de rádio, obrigam-me a concluir que tenho dois amores. Mas um é mais forte do que o outro: a rádio onde posso criar mundos de interação apenas dependendo de mim. E depois, não tenho de me maquilhar.