A cena política internacional foi marcada, este domingo por um acontecimento que está a gerar fortes debates: a ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina foi condenada à morte numa decisão tomada à revelia por alegados crimes contra a humanidade. O caso que surge meses depois da sua destituição em Agosto, reacende tensões num país mergulhado numa profunda crise política.
O anúncio foi feito por um tribunal especial sediado em Dhaka, que atribuiu a Hasina a responsabilidade pela repressão violenta contra estudantes durante os protestos de 2018. Conforme indicado no processo, as forças sob comando do seu governo teriam provocado a morte de dezenas de jovens e ferido centenas, num contexto descrito como marcado por execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias e uso excessivo da força.
Relatos de agências internacionais como Reuters e Associated Press, confirmam que a acusação defendeu a aplicação da pena capital, argumentando que a actuação das autoridades configurou “violência sistemática” contra civis. Já o The Guardian assinala que o caso se tornou um dos mais divisivos da história contemporânea de Bangladesh, sobretudo num período em que o sistema judicial e as forças de segurança enfrentam críticas pela alegada influência política.
Sheikh Hasina, que dirigiu o país por mais de dez anos e é considerada uma das personalidades mais marcantes do sul da Ásia, encontra-se actualmente no exílio. A antiga governante rejeita categoricamente todas as acusações, afirmando tratar-se de uma perseguição política promovida pelo governo interino que assumiu o poder após a sua queda.
Entidades internacionais de defesa dos direitos humanos têm levantado sérias dúvidas sobre a transparência do julgamento, sobretudo por ter sido realizado in absentia. O jornal francês Le Monde recorda que diversos observadores independentes vêm denunciando práticas de perseguição selectiva contra opositores e antigos dirigentes.
A sentença chega num momento em que Bangladesh enfrenta confrontos constantes, manifestações intensas e um clima político extremamente polarizado. Em Dhaka, grupos com posições contrárias ocuparam as ruas para expressar apoio ou repúdio ao veredito, enquanto líderes regionais têm apelado ao diálogo e à contenção.
Apesar da decisão judicial, analistas acreditam que o processo ainda poderá desencadear novas implicações, tanto no plano diplomático quanto jurídico, uma vez que parceiros internacionais e várias organizações multilaterais continuam a pressionar para que sejam garantidos padrões mínimos de justiça e respeito pelos direitos humanos.

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