Segundo relatos colhidos pela nossa equipe de reportagem, os atacantes adoptarem uma nova estratégia: chegaram em silêncio, sem tiros, sem gritos, apenas batendo às portas suavemente com a expressão "Dá licença” (dá licença). Assim que os moradores abriram, foram brutalmente mortos. “Vieram carimbar o dia da vitória”, disseram os agressores antes de desaparecerem no mato.
Um dos sobreviventes descreveu o ataque como “covarde e assassino, como se estivessem a abater cabritos”, referindo-se à frieza com que os civis foram executados. A população fugiu em desespero, mas quatro vítimas não conseguiram escapar.
Entretanto, em Mocímboa da Praia, vive-se um cenário triste e desolador. Quatro corpos estão estendidos no chão arenoso, cobertos por capulanas de diferentes cores. O local é isolado, sem sinal de presença militar ou médica. A imagem foi captada às 06h01 do dia seguinte ao ataque, 08 de Setembro, num ambiente ainda marcado pela tensão e silêncio.
O ataque reacendeu o alerta sobre a fragilidade da segurança em zonas anteriormente consideradas “libertadas” pelas forças governamentais. A população clama por protecção real e uma resposta firme ao ciclo de violência que, desde 2017, já deixou milhares de mortos e deslocados em Cabo Delgado.
“Não sei para onde vamos com tudo isso. Perdi meu tio com uma batida de porta. Ainda não acredito que isto aconteceu”, rematou.

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