Muito se fala de Vitinha, João Neves, Nuno Mendes e Gonçalo Ramos, mas no Paris Saint-Germain há outro português, Luís Campos, que vale ouro e que trabalha na sombra.
Já muito se disse (e se escreveu) sobre o “quarteto fantástico” de portugueses que atua no Paris Saint Germain. Gonçalo Ramos, Vitinha, Nuno Mendes (um dos sub-23 mais titulados de sempre) e João Neves que encanta com os seus golos de pontapé de bicicleta. Destes quatro, os três últimos estão nomeados para a Bola de Ouro 2025, mas a verdade é que há mais um português que pela sua importância vale ouro no PSG e atua nos bastidores: Luís Campos.
O consultor/diretor desportivo chegou ao PSG em 2022 e está ao serviço do seu terceiro, e aparentemente último, clube francês. Aos 61 anos renovou contrato até 2030, altura em que deve optar pela reforma. “Aos 65 anos, gostaria de ter energia para acordar várias vezes às 4 da manhã para apanhar um voo às 6 da manhã. Mas sim, o PSG será o meu último projeto, foi o que prometi à família”, conta em entrevista à rádio RMC Sport.
Em Paris, Luís Campos foi responsável por algumas das contratações que permitiram ao clube vencer a Liga dos Campeões e quase ganhar o Mundial de Clubes. Além dos portugueses já referidos trouxe Fabian Ruiz, Bradley Barcola, Lucas Hernández, Désiré Doué, Willian Pacho, Khyvicha Kvaratskhelia, entre outros. Trouxe também Ousmane Dembélé, que na sua opinião deve ganhar um prémio importante. “Dembélé ganhou tudo. Foi eleito o melhor da Ligue 1, da Liga dos Campeões, se não ganha a Bola de Ouro é porque as pessoas que votam, não têm competência para votar. Se se chamasse Messi ou Cristiano Ronaldo, não havia discussão”, refere.
Maior trunfo de Luís Campos foi outro Luis
Mas o seu maior trunfo, foi sem dúvida o treinador. “A minha melhor decisão foi escolher o Luis Enrique. Lembro-me da entrevista que tive com ele em Barcelona, percebi em poucos minutos que seria ele. Ele também percebeu rapidamente que iríamos ter essa química. Falei com o presidente após a reunião e um ou dois dias depois, estava feito. O trabalho em equipa é muito importante”, conta. Como também recorda, foi o próprio Luís Enrique que teve a coragem de dispensar Neymar. “Disse-lhe frontalmente que era melhor que fosse embora”, diz.
Sem grandes transferências neste mercado de verão, Luís Campos, deu ouvidos ao treinador. “Trabalhámos todos juntos. O treinador não queria um plantel alargado e eu ouvi. Esse é um dos segredos do meu sucesso. Quero ajudar os meus treinadores para que possamos ver em campo como eles pensam o futebol. Luis Enrique disse como queria que a equipa fosse estruturada, queria um defesa central com estas características, um novo guarda-redes”, refere.
O trabalho de um diretor desportivo que já foi treinador
Mas se pensa que o trabalho de Luís Campos se resume às transferências, desengane-se. “Algumas pessoas pensam que o trabalho de diretor desportivo se resume apenas ao mercado de transferências. Aproveitei a minha experiência anterior como treinador para ajudar os treinadores, para compreender bem a relação que devemos ter com os jogadores, mas também os valores da disciplina, do rigor e da exigência diária para dar o máximo quando se joga duas ou três vezes por semana. Essa foi a grande diferença no PSG”, explica. Foi precisamente essa ligação com os jogadores, que tentou usar aquando da última renovação de contrato de Kylian Mbappé, de quem era muito próximo desde o Mónaco, onde esteve de 2013 a 2016.
A verdade é que nem tudo são rosas e também há litígios, como aconteceu com o guarda redes Gianluigi Donnarumma, que repentinamente foi posto fora da lista de convocados para a Supertaça Europeia, em agosto passado. Clube e jogador estavam em desacordo na renovação. “Pediu um salário do PSG ‘antigo’ e não do PSG ‘atual’. Foi um dos primeiros jogadores que contactámos para renovar, mas as coisas mudaram. A estrela agora é o clube”, refere.
Luís Campos começou a carreira de treinador em 1993 e esteve à frente de 9 clubes, sendo o Leiria, o Gil Vicente, o Vitória de Setúbal e o Varzim, os mais sonantes. Foi olheiro no Real Madrid na época 2012/2013 e rumou ao Mónaco, onde foi Coordenador Desportivo e Diretor Técnico. Seguiram-se o Lille durante 3 épocas (também em França), o Galatasaray (durante 2 meses) e o Celta de Vigo em 2022/23.
Fotos: IMAGO/Franco Arland via Reuters Connect

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