O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o debate geral da 80ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23), reforçando que a soberania do Brasil é inegociável e destacando a independência do país diante de pressões externas. O momento incluiu o encontro direto com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e serviu para reafirmar a defesa da democracia e do Judiciário brasileiro.
Em seu discurso, Lula abordou a atuação do Brasil na proteção da democracia e citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, enfatizando a importância do respeito às instituições:
“Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, falou o presidente brasileiro.
Lula destacou ainda desafios globais, como a fome, a pobreza e a crise climática, e apresentou medidas do governo para proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, regulação de plataformas e incentivo ao desenvolvimento sustentável.
O presidente reforçou o compromisso do Brasil com a redução do desmatamento na Amazônia e a saída do país do Mapa da Fome da FAO em 2025, além de propor uma reforma de organismos multilaterais, incluindo a Organização Mundial do Comércio e o Conselho de Segurança da ONU.
Ao comentar crises internacionais, Lula defendeu soluções baseadas no diálogo, mencionando os conflitos na Palestina, Ucrânia, Venezuela e Haiti, e alertou para os efeitos de intervenções militares unilaterais. Ele também criticou a criminalização de países como Cuba e ressaltou que a cooperação internacional deve priorizar paz, justiça e direitos humanos.
“Nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina. Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”, falou.
O presidente encerrou o discurso defendendo uma ordem internacional multipolar e multilateral, com protagonismo do Sul Global e reforço à importância de fóruns como BRICS, G20, União Europeia, União Africana e CELAC.
Segundo Lula, “a missão histórica é tornar a ONU novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”.
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