A investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a divulgação ilegal de jogos de apostas online levou, nesta quinta-feira (7), à deflagração da Operação Desfortuna. Entre os alvos estão 15 influenciadores digitais, incluindo Bia Miranda e Samuel Sant’Anna, conhecido como “Gato Preto”. A operação foi realizada de forma simultânea em três estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
A ação acontece um dia após a prisão de Gato Preto, que foi detido na madrugada de quarta-feira (6), enquanto fazia uma transmissão ao vivo em seu perfil no Instagram. Durante o vídeo, uma voz masculina o interrompeu com a frase: “Você tá preso. Mão na parede!”. O homem se identificava como policial e, na sequência, continuou: “Mandado de prisão, você está preso”. O influenciador obedeceu, se encostou na parede com as mãos levantadas, e logo depois não apareceu mais nas redes sociais.
Além de Bia Miranda e Gato Preto, são alvos também Jenny Miranda, mãe de Bia, e os influenciadores MauMau ZK, Lorrany, Luiza, Micaell Santos, Nayala Duarte, Paola Attaide, Paulina Attaide, Rafael Buarque, Tailane Garcia, Tailon e Vanessa. Juntos, eles somam quase 19 milhões de seguidores.
Segundo a polícia, os criadores de conteúdo usavam suas redes sociais para atrair seguidores com promessas de dinheiro fácil e lucros rápidos. Mas, por trás das publicações, havia um esquema bem mais complexo: além de divulgar os jogos, os influenciadores fariam parte de uma estrutura organizada, com direito a operadores financeiros, empresas de fachada e supostos esquemas de lavagem de dinheiro.
Os investigadores acreditam que a função dos influenciadores ia muito além dos stories. O grupo, de acordo com a Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), estava envolvido em um modelo bem estruturado, onde cada um teria um papel específico na engrenagem. A operação contou com o apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD).
Movimentações milionárias
Chamou a atenção dos agentes o padrão de vida ostentado pelos investigados, incompatível com a renda que declaravam. Viagens para o exterior, carros de luxo e imóveis caríssimos viraram rotina nos perfis deles, enquanto o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificava movimentações suspeitas nas contas bancárias, o volume das transações passa dos R$ 4 bilhões.
A investigação também apura se alguns dos influenciadores têm ligações com pessoas que já tiveram passagem pelo crime organizado, o que adiciona um novo nível de preocupação ao caso. Até o momento, a polícia não confirmou se novas prisões foram realizadas.
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