Governador de Nampula: “Estou Cansado” de Ver a Província Liderar Índices de Desnutrição



O governador de Nampula, Eduardo Abdula, considera “inaceitável” ver a província liderar os piores índices de desnutrição num momento que se produz ao mesmo tempo em abundância.


“É inaceitável que a província mais produtora do País tenha os piores níveis de desnutrição”, afirmou Abdula, durante a abertura da primeira Conferência Internacional de Nutrição e Agronegócio (CINA), que decorreu nos dias 10 e 11 de Julho, sob o lema: “Sistemas alimentares pela nutrição, impulsionadores do desenvolvimento sustentável e inclusivo de Nampula”.


Perante uma plateia composta por decisores políticos, académicos, líderes comunitários, parceiros de cooperação e representantes da sociedade civil, Eduardo Abdula, sublinhou que “não basta colher, é preciso transformar essa colheita em nutrição, em saúde, em oportunidades reais para as nossas crianças”.


Na ocasião, o governador apelou à acção coordenada entre os diferentes sectores, afirmando que o combate à desnutrição deve ser encarado como uma “responsabilidade colectiva” que começa nas famílias e se estende ao Parlamento, passando pelo sector privado, universidades, ONGs e agências de cooperação. “Não quero só projectos no papel. Quero soluções concretas no terreno. E com urgência”, enfatizou.


Por sua vez, a directora-executiva do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), Judite Massácula, revelou que 47% das crianças com menos de cinco anos em Nampula sofrem de desnutrição crónica, contra uma média nacional de 37%. “Em cada 100 crianças, 47 têm dificuldades de aprender a ler e escrever. Muitas estão doentes ou hospitalizadas, e outras simplesmente desistem da escola”, alertou, defendendo uma resposta multissectorial e integrada.


A fonte sublinhou que, apesar do enorme potencial produtivo de Moçambique, a insegurança alimentar persiste devido às vulnerabilidades estruturais, pobreza e impactos climáticos extremos. “É aqui, em Nampula, onde tudo começa. E é aqui que a mudança deve começar”, afirmou.