O académico e empresário moçambicano Dário Camal, PhD em Relações Internacionais, marcou presença no Moçambique CEO Summit 2025, realizado no dia 03 de Julho. Durante a sua intervenção no painel de debate, Camal traçou um diagnóstico profundo e sem filtros sobre os verdadeiros entraves ao desenvolvimento do país, com especial destaque para a exclusão social, o fracasso da banca nacional e a romantização do sofrimento do povo moçambicano.
“Há locais neste país que nem sequer têm energia eléctrica. Estamos a falar de internet, de startups, de tecnologias e de digitalização, mas ainda há moçambicanos a viver no escuro”, frisou o empresário, questionando como se pode falar de inovação e futuro num país onde a base ainda é negligenciada. Para Camal, o problema não reside apenas na ausência de infraestruturas, mas também na forma como os discursos de superação e resiliência se tornaram desculpas para mascarar a pobreza.
Num tom firme e provocador, o académico alertou para a dependência crónica da banca estrangeira: “Enquanto a banca for portuguesa e sul africana, Moçambique não vai desenvolver. Portugal é um país pobre, não pode desenvolver Moçambique. Eles não vêm para cá para dar emprego, vêm para fazer lucro”, declarou. Criticou ainda a elite empresarial e política que domina o mercado nacional com negócios pouco sustentáveis e assentes em interesses privados, colocando em risco o futuro das Pequenas e Médias Empresas.
Camal concluiu a sua intervenção com um apelo à acção imediata, desafiando os jovens a não se resignarem ao futuro, mas a tomarem as rédeas do presente. “O maior recurso deste país não está no subsolo, está na juventude. Temos 75% da população com menos de 35 anos. Isso não é uma bomba a relógio, é uma oportunidade. Não podemos continuar à espera do futuro, porque o futuro é hoje. Trabalhemos agora, porque amanhã pode ser tarde demais”, concluiu, arrancando aplausos da plateia.
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