Compra da Dívida Pública de Moçambique Eleva Lucros Bilionários do BCI



O BCI maior banco de Moçambique, controlado pela portuguesa Caixa Geral de Depósitos continua a registrar lucros astronômicos em Moçambique impulsionados pela estratégia de investimento em títulos da dívida pública moçambicana. 


Segundo informações publicadas pelo jornal Verdade em 7 de julho de 2025, o BCI, que se apresenta como “daqui” mas é majoritariamente de capital português, consolidou sua rentabilidade ao financiar o governo do partido Frelimo, com os ativos financeiros, como Bilhetes e Obrigações do Tesouro, sendo a principal fonte de ganhos, apesar do abrandamento da atividade econômica no país. 


O relatório do Banco de Moçambique, divulgado em junho de 2025, indica que o setor bancário moçambicano, embora tenha registrado uma queda de 21,9% nos lucros em 2024, totalizando 24 bilhões de meticais (cerca de €319,4 milhões), permaneceu estável. O BCI, junto com o Standard Bank e o Banco Internacional de Moçambique (BIM), foi responsável por 64,63% dos lucros do setor, equivalente a 16,82 bilhões de meticais (€223,8 milhões). Especificamente, o BCI destacou-se com investimentos em títulos de dívida pública, que cresceram 47,6% em 2024, contribuindo para um ativo total do setor bancário de 1,02 trilhão de meticais, um aumento de 11,21% em relação a 2023.


A estratégia do BCI de priorizar ativos financeiros, especialmente títulos da dívida pública interna, foi apontada como a melhor opção de rentabilidade, conforme apurado pelo Verdade. No entanto, o banco enfrentou desafios, como o aumento de custos operacionais (7,88%) e perdas por imparidade (44,60%), que impactaram a lucratividade geral do setor. Ainda assim, o BCI manteve sua posição de liderança, com 31,73% das agências bancárias no país e uma quota significativa dos ativos, depósitos e créditos do sistema financeiro.


Varias fontes  reforçam a narrativa de que a compra da dívida pública foi crucial para os lucros bilionários do BCI, destacando a dependência do banco do financiamento ao governo. No entanto, críticos apontam que essa estratégia beneficia o BCI, mas levanta preocupações sobre a sustentabilidade da dívida pública moçambicana, que, segundo a Carta de Moçambique, cresceu cerca de 25 bilhões de meticais nos últimos dois anos, atingindo 90,324 bilhões de meticais em 2022, sem a devida emissão de títulos pelo Estado, violando a Lei Orgânica do Banco de Moçambique.


O BCI, que em 2023 já liderava com lucros de 8,181 bilhões de meticais (€119,6 milhões), continua a ser a instituição financeira mais importante de Moçambique, conforme classificação do Banco de Moçambique, e figura no 69º lugar no ranking dos 100 maiores bancos africanos, segundo a revista The Banker. Apesar dos lucros, o cenário econômico desafiador e a dependência de títulos públicos podem gerar questionamentos sobre os impactos de longo prazo para o sistema financeiro e a economia moçambicana.