A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando a indústria da música e do entretenimento, com sua capacidade de gerar textos roteirizados e utilizar áudios e vozes de artistas em diversos contextos. O uso indevido dessa tecnologia levanta preocupações éticas e legais, especialmente em relação à imagem e voz de artistas. O cenário atual apresenta um grande desafio para os profissionais do mercado e para o setor como um todo.
A Artists Rights Alliance (ARA) publicou uma carta aberta clamando por proteção e diretrizes claras de consentimento e compensação. Paralelamente, o estudo sobre o impacto econômico da IA Generativa nas indústrias da Música e Audiovisual, realizado pela PMP Strategy a pedido da Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores (CISAC) e publicado em novembro de 2024, projetou perdas de até 24% na receita de criadores musicais e de 21% para criadores de audiovisual até 2028. Esses números indicam uma reconfiguração significativa na distribuição de ganhos da indústria.
A Inteligência Artificial surge como uma ferramenta valiosa para a música, com potencial para democratizar a produção ao baratear processos de composição e masterização, beneficiando, por exemplo, artistas independentes. No entanto, o ponto crucial reside na forma como essa tecnologia é empregada. Com o uso adequado, a IA pode atuar como um recurso de gestão e suporte criativo, e não apenas como uma geradora de cópias, essencial para garantir a autenticidade criativa.
A realidade do mercado já reflete esse dilema, como comenta Caroline Steinhorst, sócia e diretora da b+ca: “Recentemente, a b+ca abriu uma vaga criativa e recebeu mais de 500 currículos em apenas 24 horas, e para nossa surpresa, muitos candidatos utilizaram o ChatGPT para responder às perguntas do processo. A IA é um recurso, claro, mas quando tudo vira ‘copia e cola’, onde fica a originalidade? O exercício visava conhecer o candidato, a pessoa por trás do currículo, mas, infelizmente, para muitos, essa oportunidade se perdeu com as respostas prontas da IA. Essa experiência serve de reflexão para o campo mais amplo da indústria da música e do entretenimento. A Inteligência Artificial é, sim, uma ferramenta poderosa que pode ampliar a criatividade, mas a autenticidade, seja para criar um roteiro de um vídeo, a letra de uma música ou responder um currículo, continua residindo no olhar único e nas experiências individuais do ser humano.”
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