O aclamado diretor Christopher Nolan se viu no centro de uma polêmica internacional após escolher o Saara Ocidental, região disputada e militarizada, como uma das locações para A Odisseia, sua nova superprodução de US$ 250 milhões (R$ 1.397 bilhão) com estreia prevista para 16 de julho de 2026 no Brasil, um dia antes do lançamento nos Estados Unidos.
As críticas vieram principalmente do Festival Internacional de Cinema do Saara Ocidental (FiSahara), que acontece nos campos de refugiados sarauís na Argélia. O grupo condenou a decisão de filmar perto da cidade de Dakhla, região classificada pelas Nações Unidas como “território não autônomo” desde 1963 e reivindicada pelo Marrocos.
“Dakhla não é apenas um belo local com dunas de areia cinematográficas. Principalmente, é uma cidade ocupada e militarizada cuja população indígena saraui está sujeita a uma repressão brutal ocupando as forças marroquinas”, declarou o festival em nota.
A organização também acusou a produção de contribuir, mesmo que de forma não intencional, para a invisibilização do povo saraui. “Ao filmar parte de A Odisseia em um território ocupado anunciado como um buraco negro de notícias pelos Repórteres Sem Fronteiras, Nolan e sua equipe, talvez sem saber e de má vontade, estão contribuindo para a repressão do povo saraui por Marrocos”.
Segundo o festival, o Marrocos tem promovido uma apropriação cultural da história e da arte produzidas pelos sarauis.
“Eles criaram um festival de cinema em Dakhla para combater o nosso e produzir filmes de alto orçamento que retratam o Saara Ocidental como parte do Marrocos. No entanto, os sarauis que tentam fazer filmes sobre suas vidas são perseguidos e devem trabalhar clandestinamente e em grande risco para si mesmos e suas famílias”, diz o comunicado.
A Universal Pictures, estúdio responsável pelo longa, ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
A Odisseia
Apesar da controvérsia envolvendo as filmagens, A Odisseia é uma das produções mais aguardadas de 2026. Baseado no épico grego de Homero, o filme traz Matt Damon no papel de Odisseu, o guerreiro que, após a Guerra de Tróia, enfrenta deuses e criaturas míticas em uma jornada turbulenta de volta para casa, onde sua esposa Penélope o espera.
Além de Damon, o filme conta com Anne Hathaway, Tom Holland, Zendaya, Lupita Nyong’o, Charlize Theron, Robert Pattinson, Jon Bernthal, John Leguizamo, Elliot Page, Himesh Patel, Bill Irwin e Samantha Morton.
Descrito como “um épico de ação mítico filmado em todo o mundo”, o projeto aposta pesado na experiência visual e será exibido em formato IMAX, com uso de tecnologia de ponta. O próprio Nolan começou a escrever o roteiro em março deste ano, e apenas Donna Langley, presidente da Universal, teve acesso ao texto completo.
O trailer da produção já está sendo exibido nos cinemas e deixa claro o tom grandioso da obra, tanto nas cenas de batalhas quanto na fotografia deslumbrante, justamente a que agora vem sendo criticada por ter sido realizada em um território sob disputa geopolítica.
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