O antigo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, proferiu declarações que estão a agitar o espaço público e político em Moçambique. Correia terá lançado um aviso contundente contra qualquer tentativa de investigação ao programa Sustenta, um dos projetos mais emblemáticos e controversos da sua gestão.
Em palavras atribuídas ao ex-governante e citadas pelo jornalista Fernando Veloso, Celso Correia afirmou:
“Vou arrastar muita gente (...) desde o governo ao parlamento e até ao partido haverá um verdadeiro tsunami.”
A declaração, carregada de tensão e vista por muitos como uma ameaça, surge numa altura em que crescem os apelos por transparência e responsabilização no âmbito do Sustenta. O programa, destinado a promover o desenvolvimento rural e apoiar pequenos produtores, tem sido alvo de críticas e suspeitas quanto ao uso dos fundos públicos, bem como ao alegado favorecimento na distribuição dos benefícios.
Cresce pressão por auditoria independente
Fontes próximas do processo indicam que há um movimento cada vez mais forte, tanto na sociedade civil como em sectores da oposição, para que seja realizada uma auditoria independente ao Sustenta. As suspeitas de má gestão e irregularidades na alocação dos recursos intensificaram-se nos últimos meses, alimentadas por denúncias de falta de critérios claros e de alegados esquemas de corrupção.
As palavras de Correia, ao invés de acalmarem os ânimos, parecem ter alimentado o debate, suscitando perguntas sobre quem, de facto, poderá ser atingido por um eventual “tsunami” e quais os segredos que o programa poderá esconder.
Silêncio oficial
Até ao momento, não houve qualquer reação oficial por parte do governo, do parlamento ou do partido Frelimo relativamente às declarações do ex-ministro. No entanto, os setores críticos à governação insistem na necessidade de esclarecimentos públicos e de medidas concretas para garantir prestação de contas e salvaguarda dos recursos destinados ao desenvolvimento do país.
O caso do Sustenta, que começou como um símbolo de esperança para milhares de famílias rurais, corre agora o risco de se tornar num dos mais polémicos capítulos da governação recente, caso as suspeitas se confirmem e não haja uma resposta clara das autoridades.
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