Durante um show em Paris no fim de semana passado, a cantora Beyoncé recebeu críticas por usar uma camiseta vista como desrespeitosa para com os povos indígenas americanos e mexicanos. A roupa, que ela usou durante sua apresentação na turnê Cowboy Carter, homenageava os Buffalo Soldiers — grupos de soldados afro-americanos que, no século XIX, combateu junto ao exército dos Estados Unidos em esforços de colonização contra comunidades nativas e terras mexicanas.
O modelo exibido por Beyoncé trazia nas costas um trecho polêmico retirado de uma reportagem publicada em 1986 no jornal The Sheridan Press, originalmente escrita em 1975. A frase descrevia os inimigos dos Buffalo Soldiers como “guerreiros indígenas, bandidos, ladrões de gado, pistoleiros assassinos, contrabandistas, invasores de terras e revolucionários mexicanos”, definidos como ameaças à “paz, ordem e assentamento”.
A camiseta, que chegou a ser comercializada como produto oficial no portal da cantora, já não está mais disponível após a reação adversa. Em uma publicação que também foi removida do site da artista, Beyoncé havia divulgado a peça como parte da ideia visual da turnê.
A peça é composta por trechos de textos extraídos de fontes diversas, como sites militares, blogs e até portais do governo dos EUA. Em parte da estampa, há uma referência ao músico Bob Marley — que, ao contrário da leitura presente na camiseta, usou a expressão “Buffalo Soldier” para denunciar a opressão colonial. Confira a frase na peça:
O jornal The Sheridan Press, de onde foi retirada a citação mais polêmica, tem um histórico ambíguo em relação aos povos nativos. Fundado em Wyoming em 1887, o veículo só passou a adotar uma postura mais crítica ao racismo a partir da metade do século 20. A matéria usada na camiseta foi publicada apenas em 1986, mais de uma década após sua redação.
Até o momento, Beyoncé não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
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