Duas estudantes de medicina se envolveram em uma polêmica após divulgarem um vídeo nas redes sociais em que debocham de uma paciente identificada como Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, que faleceu por complicações causadas por insuficiência renal. Ao longo da vida, Vitória passou por quatro transplantes, sendo três cardíacos e um renal.
No vídeo, embora não mencionem o nome da paciente, os detalhes apresentados foram suficientes para que internautas associassem o caso à jovem, que morreu no dia 28 de fevereiro no Instituto do Coração (Incor), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
“Um transplante de coração já é algo extremamente delicado, envolve uma série de critérios e uma longa espera. Agora, três transplantes? Isso realmente aconteceu aqui no Incor, e essa paciente está internada neste momento”, diz uma das jovens no vídeo.
O conteúdo gerou forte repercussão online. De acordo com informações, um amigo da família reconheceu o caso e repassou o vídeo aos parentes de Vitória, na última quinta-feira (3). Revoltados com a exposição e os comentários desrespeitosos, os familiares registraram um boletim de ocorrência, acionaram o Ministério Público de São Paulo e também procuraram o Incor.
Em resposta ao caso, a Faculdade de Medicina da USP e o Incor informaram ao jornal Correio que as autoras do vídeo não possuem qualquer vínculo com as instituições e ressaltaram que repudiam veementemente qualquer atitude que desrespeite pacientes ou suas histórias.
No vídeo, as estudantes ainda insinuam que Vitória teria sido negligente no cuidado com a própria saúde após os transplantes, sugerindo que o insucesso de um dos procedimentos teria ocorrido por falhas da própria paciente no uso das medicações. Uma das jovens chega a afirmar: “Vamos subir lá e conversar com essa paciente transplantada três vezes.”
Outra fala atribuída à dupla aponta: “Na segunda vez, ela não tomou os remédios direito, o corpo rejeitou o órgão e precisou transplantar de novo. Foi erro dela. Agora, o novo órgão foi aceito, mas os rins não reagiram bem aos medicamentos”. Logo após, a outra complementa com um comentário irônico: “Essa menina acha que tem sete vidas”.
As alunas ainda mencionam a linha do tempo dos três transplantes cardíacos, ocorridos na infância, adolescência e início da vida adulta, o que reforçou a identificação do caso com o de Vitória. O vídeo foi publicado em 17 de fevereiro, poucos dias antes de sua morte.
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