Julgamento da morte de Maradona arranca com exibição de foto do astro argentino morto na cama. “Cruelmente decidiram que ele deveria morrer”, diz promotor.
Promete vir a ser um dos julgamentos mais mediáticos e controversos dos últimos tempos. No banco dos réus estão sete profissionais de saúde acusados pelos promotores públicos de terem culpa na morte de Diego Armando Maradona, lenda do futebol que morreu a 20 de dezembro de 2020, aos 60 anos. E o começo não podia ter sido mais intenso. Com o promotor Patrício Ferrari a exibir uma foto do astro argentino deitado na cama, já sem vida, captada pouco tempo após a morte de Maradona. “Cruelmente decidiram que ele deveria morrer”, diz na declaração de abertura.
No banco dos réus está sentado um neurocirurgião, um psiquiatra, um psicólogo, um coordenador médico, um coordenador de enfermagem, um médico e um enfermeiro noturno. De recordar que Maradona morreu em casa na sequência de uma paragem cardíaca. Que aconteceu enquanto recuperava de uma cirurgia ao cérebro para remover um coágulo sanguíneo. O procurador descreve o cenário no qual o ex-jogador viveu os últimos dias como um “teatro de horror”.
“Vejam, foi assim que Maradona morreu!”
É ainda referido que existem provas “sólidas” de que nenhum dos réus “fez o que deveria fazer” no “teatro de horror”. Patricio Ferrari defende ainda que Maradona foi levado para uma casa na cidade de Tigre, nos arredores de Buenos Aires, sem estar no “pleno uso das suas faculdades mentais” para decidir algo sobre a hospitalização em casa. “Depois de condená-lo ao esquecimento naquela casa… eles deliberada e cruelmente decidiram que ele deveria morrer”, acusa. “Vejam, foi assim que Maradona morreu!”, diz enquanto exibe uma foto do ex-jogador com o abdómen visivelmente inchado. “Eles [os acusados] estão a mentir para quando dizem que não participaram do assassinato”, atira.
Que são os réus?
Leopoldo Luque foi o médico pessoal de Maradona nos últimos quatro anos de vida do ex-jogador. Foi quem operou o astro argentino para remoção do coágulo no cérebro poucas semanas antes da morte de Maradona. Agustina Cosachov é a psiquiatra que prescreveu os medicamentos que Maradona tomou até à morte. Nancy Forlini foi a coordenadora contratada para tratar do ex-jogador durante o internamento. Mariano Perroni representa a empresa que prestou os serviços de enfermagem. Pedro Di Spagna monitorizou o tratamento. A estes juntam-se os enfermeiros Ricardo Almiron e Gisela Madrid.
Maradona “teria tido uma probabilidade maior de sobrevivência”
Em 2021, um painel de 20 especialistas médicos convocado pelo Ministério Público da Argentina concluiu que Maradona “teria tido uma probabilidade maior de sobrevivência” com tratamento médico adequado e num centro médico apropriado. Os réus negam a tese de assassinato. Agora, três juízes vão decidir se os profissionais de saúde vão ser considerados culpados de homicídio culposo. Em caso de condenação, as penas podem chegar aos 25 anos. O julgamento poderá prolongar-se durante quatro meses, estando agendadas três audiências por semana.
Fotos: Reuters
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