Existem títulos que nenhum destino gostaria de ter e o de cidade mais perigosa do mundo é um deles. Quando o tema é violência e perigo, o destaque vai para Port-au-Prince, no Haiti. Para começar, morrem 20 pessoas por dia e a cidade é comandada por 200 gangues armados. Aos crimes acresce ainda a turbulência política de um local que lida ainda frequentemente com terramotos, inflação, fome e agitação civil.
“Para os haitianos, a violência das gangues está num ponto crítico. Eles não sabem o que fazer e como isso será resolvido”, refere Summer Walker, chefe de assuntos multilaterais da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional, em declarações ao The Sun. “O fenómeno dos gangues tornou-se um cancro metastático onde eles controlam a capital em todas as suas periferias”, salienta, à mesma publicação, Djems Olivier, da Universidade Vincennes-Saint-Denis, que analisa os gangues do Haiti.
“O fenómeno dos gangues tornou-se um cancro metastático”
No que a gangues diz respeito, o destaque vai para o G9, liderado por Jimmy Cherizier. Que tem a alcunha de Barbecue (churrasco, em português). Cherizier já fez saber que o nome pelo qual é conhecido tem origem na profissão da mãe, que vendia frango frito. Só que diz-se que o verdadeiro motivo é a forma cruel como lida com os inimigos. Que alegadamente são queimados vivos. Jimmy Cherizier diz ser “um homem do povo” e um “revolucionário” que está a lutar conta a elite. Ainda assim, lida com muitas acusações de assassinato, mutilações e extorsão. Tem ainda o nome associado a um vasto leque de massacres.
“As crianças podem ser atingidas por uma bala perdida quando estão a caminho da escola”
Tudo piorou no Haiti desde julho de 2021, altura em que foi assassinado o presidente Jovenal Moïse. Desde então que não existe governo e vários têm sido os alertas para a situação que se vive na cidade. “A violência armada atingiu níveis inimagináveis e intoleráveis”, disse Michelle Bachelet, responsável dos direitos humanos das Nações Unidas, em maio de 2022. Escreve o The Sun que a ONU acredita que os gangues controlam 60% de Port-au-Prince. O que faz com que todos vivam com medo. “Há um grande ponto de interrogação sobre o que vai acontecer quando se sai de casa todas as manhãs”, conta Renata Segura, vice-diretora do International Crisis Group para a América Latina e Caraíbas. “As crianças podem ser atingidas por uma bala perdida quando estão a caminho da escola”, acrescenta. Referindo ainda que os cidadãos são utilizados como escudos humanos, assassinados e que têm os negócios roubados e as casas queimadas.
Relatos de violações coletivas
Existem ainda relatos de violações coletivas e outros tipos de violência sexual. Que é utilizada para semear o medo. Números da ONU dão conta de mais de 1.300 assassinatos, feridos e desaparecimentos apenas entre junho e setembro. O que dá uma média de 20 mortes por dia. Realce ainda para a favela Cité Soleil, que é visto como o palco principal de muitos combates. Neste local, praticamente abandonado pela polícia, habitam perto de 250 mil pessoas. Desde 2004 que este local é visto pela ONU como o mais perigoso do mundo, mas tudo tem vindo a piorar ao longo dos anos.
Fotos: Shutterstock
Sem comentários:
Enviar um comentário