Não Cheguei À Sonangol Porque O Meu Pai Deu Ordem Para Que Isso Acontecesse - Isabel dos Santos



Isabel dos Santos quebra o silêncio e defende-se das acusações do Ministério Público de Angola sobre a sua gestão à frente da Sonangol. Alega que a "gestão danosa" aconteceu sob administrações anteriores e que a situação crítica da empresa a levou à liderança em 2015. A filha de José Eduardo dos Santos refuta as acusações de nepotismo e alegado desvio de fundos, detalhando o contexto da sua contratação e as medidas adoptadas durante o seu mandato.

Isabel dos Santos aponta o dedo às administrações passadas, especialmente a Manuel Vicente, afirmando que a "gestão danosa" na Sonangol ocorreu antes de assumir a presidência do Conselho de Administração em 2015. Destaca a situação pré-falimentar declarada por Francisco de Lemos em 2014 e a dívida milionária de importação de produtos refinados como fatores que contribuíram para a crise financeira da empresa.

A empresária é acusada pelo Ministério Público de Angola de 11 crimes, incluindo associação criminosa, burla qualificada, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada. Os supostos desvios de cerca de 200 milhões de dólares através da sociedade e as acusações contra cidadãos portugueses ligados a Isabel dos Santos são detalhados. A conexão com o caso Luanda Leaks e as investigações em Portugal também são mencionadas.

Isabel dos Santos defende-se das acusações de nepotismo, explicando que foi convidada por um comité de avaliação, não directamente pelo seu pai, o então Presidente José Eduardo dos Santos. Destaca a urgência da situação financeira da Sonangol em 2015, justificando a nomeação fora de um concurso público. A empresária aponta para um acórdão de um tribunal superior que, segundo ela, validou sua nomeação por mérito, não nepotismo.

A filha de José Eduardo dos Santos esclarece que foi contratada como consultora em função da sua formação em engenharia e experiência na gestão de empresas. Ressalta que a decisão de contratar a sua empresa de consultoria foi tomada pelo Estado angolano, autorizada pelo Tribunal de Contas de Angola, e envolveu a subcontratação de empresas internacionais renomadas.

Isabel dos Santos encerra a entrevista reforçando a legalidade da sua contratação, contestando as acusações de nepotismo e gestão danosa. O caso, que envolve não apenas a Sonangol mas também acusações de desvio de fundos e investigações internacionais, continua a lançar sombras sobre a herança política e empresarial da família dos Santos em Angola e Portugal.