Digam ao jovem Akeem para parar de vociferar que prosperar é canja, algo que se alcança depois de pagar alguns módulos de prosperidade e cursos intensivos de sucesso. Não podemos inspirar a nossa juventude a se dopar com drogas pesadas para correr e chegar, sem um mínimo de cansaço, à meta do sucesso em poucos segundos como atletas olímpicos.
Precisamos de jovens que saibam que o exemplo é o melhor curso de sucesso que há, jovens que ergam mansões sem usar outros jovens pobres e desesperados como pilares e vigas dessas mansões, como escadas e fundações dessas mansões. Precisamos de jovens que saibam que a honestidade e o trabalho são o material fundamental para construir qualquer mansão mesmo que não seja em um mês.
Digam ao Akeem que o curso de que a nossa juventude precisa é a inspiração e não a exibição, porque a exibição só nos ensina a papaguear sem nada fazer e a inspiração é o que nos pode ensinar a sonhar e a sonhar. Não nos podemos encantar com papagaios que falam muitas línguas dentro de uma gaiola, mas nos devemos inspirar no pássaro que levanta o voo e nunca exibe a ninguém a beleza do azul do céu.
Há jovens, no meu país, que lutam todos os dias para ter um naco de pão na mesa, e nós não precisamos de chefes da prosperidade que reduzam essas lutas, não precisamos de jovens que ensinem a esses jovens que a verdadeira prosperidade é construir uma mansão em um mês.
Digam ao Akeem que não precisamos de rótulos falsos nos seus frascos de prosperidade, não precisamos da sua preocupação em ajudar todos os jovens do meu país a prosperar. Digam ao Akeem que prosperidade não é beber água à torneira, porque antes da torneira há um jovem rural que mergulha os pés nessa água e pesca para alimentar a sua família.
Conheço jovens que trabalham, jovens que todos os dias constroem mansões de felicidades em seus lares de caniço e tecto de capim, jovens que mesmo não tendo carros, mansões com piscinas, contas bancárias têm uma mansão que não se constrói nunca em um mês: a felicidade dentro das suas famílias.
Digam ao Akeem para deixar de ser nevoeiro no espelho de jovens pobres que tentam todos os dias manobrar o camião de pobreza carregado de frustrações, falta de trabalho, fome, incertezas e falta de padrinhos.
Sérgio Raimundo - Militar
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