O primeiro-ministro esclareceu esta segunda-feira a escala em Budapeste, onde assistiu ao jogo da final da Liga Europa, ao lado do seu homólogo húngaro, Viktor Órban. Uma escala que suscitou críticas e que agora mereceu um esclarecimento do chefe do Governo ao afirmar que recebeu um convite do presidente da UEFA para assistir ao jogo entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho.
"No dia 31 de maio, o primeiro-ministro viajou para Chisinau (Moldova) para participar na Cimeira da Comunidade Política Europeia, que teve lugar na manhã seguinte. Tendo concluído atempadamente os seus compromissos oficiais em Portugal, e situando-se Budapeste na rota para Chisinau, o primeiro-ministro teve oportunidade de fazer uma escala nessa cidade, correspondendo ao convite que lhe tinha sido endereçado pelo Presidente da UEFA para assistir ao jogo da Final da Liga Europa", informa, em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro.
Na nota é também referido que o primeiro-ministro teve "o tratamento protocolar adequado tendo sido sentado ao lado do seu homólogo húngaro, com quem mantém naturalmente relações de trabalho".
No sábado, o Presidente da República disse não ver qualquer "problema político específico" na escala do primeiro-ministro na Hungria, onde assistiu a um jogo de futebol com Viktor Orbán, sublinhando que os dois países são aliados na União Europeia.
"A Hungria é um estado da União Europeia (UE). [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da União Europeia. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
A 31 de maio, António Costa, que viajava num Falcon 50 da Força Aérea, fez uma escala em Budapeste quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que a paragem constasse da sua agenda pública, segundo noticiou o Observador.
A paragem na Hungria foi criticada pela oposição, que reclamou esclarecimentos de António Costa.
O facto de no caminho ter feito uma escala ou ter parado durante uma hora e meia ou duas horas para dar apoio a um português e ver um jogo de futebol, francamente não vejo que politicamente haja qualquer problema específico", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Na sexta-feira, o Presidente da República tinha já adiantado que o primeiro-ministro o tinha informado da escala em Budapeste.
IL quer saber porque convite da UEFA não consta da agenda oficial de Costa
O líder da IL considerou ser preciso esclarecer a presença do primeiro-ministro na final da Liga Europa de futebol e vai enviar perguntas a António Costa para saber o porquê deste convite não constar da agenda oficial.
"Há coisas muito estranhas. Nós tivemos da parte do senhor Presidente da República já duas versões relativamente àquilo que motivou a viagem de António Costa. Numa primeira versão tinha sido para dar um abraço a José Mourinho, na segunda versão foi para fazer uma escala técnica e agora temos uma terceira versão que parece diferente das outras duas que conhecíamos por parte do senhor Presidente da República", disse, em declarações aos jornalistas, o líder da IL, Rui Rocha.
Referindo-se ao comunicado do gabinete do primeiro-ministro, de acordo com o qual António Costa esteve em Budapeste a convite da UEFA e ao lado de Orbán por tratamento protocolar, Rui Rocha sublinhou que "já nem é uma escala técnica, já nem é propriamente o abraço ao técnico".
"Parece-me então que é preciso justificar e esclarecer mais coisas que não são justificadas com este comunicado. Por exemplo, se havia um convite da UEFA para assistir a uma final porque é que isso não consta da agenda oficial do senhor primeiro-ministro", questionou.
O liberal quer saber o porquê de, sendo "um convite oficial" ter sido " omitido da agenda oficial do primeiro-ministro".
Rui Rocha anunciou que a IL vai enviar ainda esta segunda-feira perguntas a António Costa, desde logo para esclarecer a ausência deste convite da UEFA da agenda oficial.
"E o segundo ponto é se há outros casos em que meios do Estado - nomeadamente o Falcon que foi utilizado desta vez - são utilizados pelo senhor primeiro-ministro para diligências ou para visitas que não fazem parte da sua agenda oficial", acrescentou, reiterando que as "explicações em causa não são suficientes".
Na análise do presidente da IL, este caso "corresponde a um padrão que está a ser cada vez mais recorrente da parte do senhor primeiro-ministro".
"Nós passamos dezenas de dias na comissão de inquérito da TAP e no que diz respeito ao SIS à procura da verdade e tivemos tantas versões, não tivemos sequer uma versão, uma resposta clara do senhor primeiro-ministro. Num tema que, apesar de tudo, não é determinante no futuro do país, mas se há tanta dificuldade em contar a verdade, em contar aquilo que realmente aconteceu", criticou.
Rui Rocha questionou por isso o que "se passa no país quando as coisas que parecem simples de justificar, de apresentar ou pelo menos de esclarecer são envolvidas sempre agora num conjunto de tentativas de omissão, de travar a descoberta daquilo que se passou".
"O primeiro-ministro ganharia em apresentar as suas versões dos factos de viva voz, não ter receio de se apresentar aos portugueses, mas é como eu digo, se estava tudo preparado, se foi um convite, então porque é que não consta da agenda oficial do primeiro-ministro? O que é que levou a omitir esse facto", reiterou.
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