Zasta foi um músico que marcou a vida de muitos petizes em Moç. pós guerra civil. O rebuliço era grande e as vozes que coroavam com ele, certamente rendidas à sua orquestra.
Zasta trazia a tiracolo a viola de lata e ao seu lado uma mulher, uma musa, certamente rendida aos seus atributos masculinos e vocais. Não se sabe donde, mas a mim me assombrou a sua aparição. Seduzido ao fulgor da sua voz e ao dedilhar, no compasso entre a canção e a indiferença, juntei-me à turba que se lhes acercava. Eu fazia o refrão com a multidão e a petizada: "Maria Teresa, Zasta!"
Zasta é um dos músicos ambulantes que mais encantou a petizada da Beira e Chimoio. Como viria a saber mais tarde, aquí tinha ele as origens. Fora militar, ao que me contaram, e a sua opção final, devera-se às turbulências da guerra. A música era o seu refúgio.
A minha alegria, durante aqueles tempos de carapau e repolho, durante a guerra fratricida, sempre esteve pendente do músico, que nos levava a evadir-nos da realidade.
No entanto, quando o Zasta irrompeu com a sua viola de lata, improvisada de uma lata de azeite, a deambular pelas ruas, foi a catarse, pois nunca tinha visto um músico ambulante, particularmente por servir de material reciclado.Usara de fios de pesca, para compor algo tão sonante e vibrante, com uma paleta, não daquelas que usavam os músicos que se me convenciam, de eleição.
Zasta aparecera com o seu aspecto imundo e degradante, mesmo assim, lhe seguimos, a corar: "Maria Teresa, Zasta!"Sinto imensas saudades do Zasta, pois com ele minha felicidade era infinita e a minha inocência era pura.O mundo era são. Aquela viola de lata me extrasiara vastas vezes. E o mundo deles, com nada, sem tanto. Eram muitas as raparigas do bairro que coravam à canção deste exímio músico, jamais esquecido na retina e na voz dos meus dias de nostalgia.Só ele tem a magia e a chave, para me devolver a feliz infância nas ruas do meu bairro em que o seguí descalço e a suar ao tórrido e avassalador calor tropical.
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