A Polícia De Trânsito Testa Novo Equipamento Capaz De Captar A Velocidade Do Condutor, Se Este Está Ao Celular E/ou Sem Cinto De Segurança

 


A Polícia de Trânsito (PT) está a testar um novo equipamento, que é capaz de captar a velocidade que certo condutor aplica, ao mesmo tempo em que controla se este está ao celular e/ou sem cinto de segurança.


Estima-se que pouco mais de 1,2 milhões de pessoas morram por ano e 50 milhões de feridos em resultado de acidentes de viação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que mais de 90% dos acidentes de trânsito sejam causados por falha humana, por comportamentos do condutor, como, por exemplo, mexer o celular enquanto conduz.


Em palavras simples, os acidentes de trânsito estão a ponto de se converter na nova epidemia dos países pobres e em vias de desenvolvimento. No caso de Moçambique, os últimos anos têm sido de acidentes que resultam em enormes perdas humanas, como é o caso dos cíclicos acidentes no distrito da Manhiça.


De acordo com os dados da Polícia de Trânsito (PT), só nos primeiros seis meses deste ano, (de Janeiro a Junho de 2022), foram registados 134 sinistros contra 115 de igual período do ano passado, sendo 76 por atropelamento contra 53 ocorridos no ano passado.


Por consequência disso, a Polícia de Trânsito, na Cidade de Maputo, está a testar um instrumento que regista várias transgressões de uma única vez em diferentes viaturas, com vista a reforçar a segurança rodoviária e prevenir acidentes.


“A máquina tem múltiplas funções. Consegue controlar o excesso de velocidade, o uso de telefone durante a condução, o não uso do cinto de segurança e mudança de direcção sem a devida sinalização”, explicou António Machava, chefe de Brigada.


Esta quinta-feira, a máquina foi montada para teste num troço da Estrada Nacional Número 4, Entre a Maquinag e a Portagem de Maputo e em uma hora, registou quase 150 violações, só, ao limite de velocidade.


“No período de uma hora, controlamos 705 veículos, onde tivemos 147 violações só ao limite de velocidade, com destaque para três condutores de autocarros, que conduziam a 97, 90 e 101 km/h, respectivamente e ainda, um veículo particular que vinha a 127km/h”, concluiu Machava.


As vantagens não terminam por aí, ao que explica o Presidente do Conselho Administrativo da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (EMME), João Ruas: “Dá para fazer a leitura em simultâneo de oito viaturas em paralelo e oito em sistema longitudinal. Portanto, a máquina lê 64 viaturas ao mesmo tempo, isto em cada segundo, em tempo real”.


Estima-se que o custo económico dos acidentes rodoviários nos países africanos seja de cerca de USD 10 mil milhões por ano, portanto, a aquisição deste instrumento pode ser benéfico ao cofre do Estado, dado que custa cerca de 60 mil dólares, ou seja, em cerca de nove mil milhões de dólares a menos.


Em caso de aprovação, o instrumento será montado em quatro zonas da Província de Maputo.


“Para Moçambique, numa primeira fase, precisamos de quatro ou cinco máquinas destas, para pôr uma na Estrada Nacional Número 4, outra na Estrada Nacional Número 1, outra na estrada para Ponta de Ouro e mais uma para a Circular. Mas isto também não é o suficiente. Vamos ter, dentro do pacote (reforço da segurança rodoviária), viaturas com câmaras móveis, que farão o registro e identificação de todas as infracções que são cometidas”, acrescentou.


A máquina é à prova de água, suporta níveis altos de calor e ainda tem uma câmara com alta resolução capaz de identificar um condutor que tenha cometido uma infracção. Ao contrário da máquina usada actualmente, a nova proposta, não precisa de um operador que fique de vigia, podendo a polícia montar o equipamento, ausentar-se e mais tarde, fazer o levantamento das violações cometidas.