Ataque Recente Dos Insurgentes Precipita Coluna Militar Em Pemba



Três pessoas foram decapitadas e outras foram raptadas pelos supostos terroristas na aldeia Intutupue, ao longo da Estrada Nacional Número 1 (EN1) que dá acesso à cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado.


O grupo armado foi visto a circular na aldeia na sexta-feira e a cidade de Pemba recebeu, sábado, centenas de deslocados.


A maior parte dos últimos deslocados que chegaram à cidade de Pemba vem das aldeias Intutupe e Nipataco, que fica a cerca de 50 quilómetros da capital da província de Cabo Delgado.


“Estou a sair de Intutupue por causa da guerra. Nunca tínhamos sofrido desses ataques e suportamos quase uma semana, mas hoje decidimos sair, porque algumas pessoas foram raptadas nas machambas, por isso viemos aqui para descansar”, disse Bendita Saidila, deslocada de Intutupue


“Não sei se a minha mãe conseguiu fugir; decapitaram três pessoas lá”, contou Bissaia Amade, também deslocada de Intutupue.


Uma parte dos deslocados que chegou a Pemba vem de Intutupue e Nipataco, vivia na vila-sede do distrito de Ancuabe, onde saíram depois do assalto armado à aldeia Nanduli.


“Hoje não dormimos em Ancuabe e fugimos para Intutupue e, quando chegamos, vimos pessoas a fugir, porque houve uma informação de ataque, em Natupili, e acabamos por vir até aqui”, explicou Fernando Salate, camionista em Pemba.


Até à tarde deste domingo, 12 de Junho, todos que quisessem entrar ou sair da cidade de Pemba deviam estar acompanhados de uma coluna militar devido aos ataques terroristas registados próximo à capital da província de Cabo Delgado.


Centenas de viaturas estiveram retidas desde as primeiras horas até cerca de onze horas de ontem, no posto de controlo de Muepane, distrito de Metuge.


O ataque do sábado sucede a outro em menos de uma semana. Um grupo de terroristas atacou, domingo, 5 de Junho, a aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, a 100 Km da província de Cabo Delgado, incendiando casas e pilhando bens da população local e outras circunvizinhas.


Estes ataques, perpetrados a 30 Km do entroncamento entre a EN1 e EN380 (conhecido como “Silva Macua”) não só criaram pânico entre os populares, como também forçaram as comunidades a pernoitarem nas matas.


Houve registo de movimentação da população que saiu em debandada da aldeia em busca de abrigo e segurança na sede do distrito.


O facto foi confirmado um dia depois do ataque pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, que falava à margem de uma reunião virtual entre a Frelimo e o secretário-geral do Partido Comunista de Vietnam. Filipe Nyusi começou por dizer que o terrorismo não termina, acrescentando ainda que os terroristas atacaram uma aldeia perto de Ancuabe, província de Cabo Delgado, com o objectivo de assaltar comida.


“Por vezes, pensamos que terminou, mas o terrorismo não termina. Mesmo aqui há sinais. Sentimos alguma movimentação nesta mesma semana. Ainda ontem, atacaram uma aldeia perto de Ancuabe, chamada Nhanduli. Esse ataque foi porque eles se movimentaram e as nossas forças controlaram. As pessoas saíram em debandada, mesmo assim, foi-lhes explicado que eram movimentos das Forças de Defesa e Segurança. Mais tarde, eles apareceram. Têm estado a fazer esses ataques, por vezes, à procura de comida”, explicou o Presidente da República, Filipe Nyusi.


Os dados indicam que, de 2017 a 2022, os terroristas mataram mais de duas mil pessoas no Norte de Moçambique, e até aqui, acima de 850 pessoas já ficaram deslocadas por causa da insurgência e a situação ainda está longe do fim.


Para controlar a situação, Filipe Nyusi diz que o país precisa de melhorar a sua capacidade operativa. Para já, a prioridade é a reconstrução das zonas já recuperadas, que, há alguns meses, estavam nas mãos dos terroristas.


“O Governo aprovou um plano de reconstrução daquelas zonas que foram recuperadas na província de Cabo Delgado. Estamos a desenvolver um programa de reconstrução, porque há um regresso tímido das populações, apesar de continuarmos a dizer que precisamos de consolidar a segurança na região e, depois, para haver um regresso mais sustentável”, disse o Chefe de Estado.