Foi há um ano em que o município de Maputo iniciou as actividades de reestruturação dos mercados visando, por um lado, organizar a venda informal e, por outro, criar condições para a prevenção da COVID-19. Passam mais de 12 meses e nenhum mercado foi erguido por completo, o que deixa os vendedores insatisfeitos. O Presidente do município de Maputo reconhece os atrasos e diz que “se vai superar”.
No mercado de Xipamanine, o maior retalhista da capital moçambicana, a situação continua confusa. Mesmo com a reestruturação feita, a venda informal continua. A Polícia Municipal tem abordado os vendedores que permanecem nos passeios, mas sem êxitos.
Domingos Nuvunga, vendedor informal, reclama de falta de condições para o exercício da actividade nos novos locais e diz que a falta de emprego é que empurra muitos moçambicanos para o sector informal, um trabalho não fácil também.
“Nos mercados, onde devíamos vender, as bancas não existem. As pessoas, que estão aqui com bancas, são as mesmas que foram adquirir as bancas lá também. Quando alguém vai ao mercado para ocupar uma banca, descobre que já tem dono. Não é fácil ocupar as tais bancas e, às vezes nesse momento, não há ninguém para responder por isso“, lamenta Domingos Nuvunga.
Ainda no Xipamanine, para onde se traçou o projecto da construção de um mercado para informais, as bancas estão abandonadas. A estratégia encontrada para atrair os vendedores foi a construção, naquele espaço, de um terminal rodoviário. No entanto, os operadores de transporte semi-colectivo, vulgo “chapeiros“, sentem que é preciso fazer mais pelo local, como disse Paulo Chibanga que passará a embarcar e desembarcar passageiros a partir daquele local.
“É preciso investir mais para que haja segurança; é necessário que haja sombra e sanitários para que todos os vendedores, que estão na rua, se sintam à vontade aqui”, aponta Paulo Chibanga.
Para o mercado grossista do Zimpeto, planificou-se a construção de alpendres para albergar os camiões de importadores, todavia,até agora, só há pilares implantados no solo.
Na praia de Costa do Sol, está a ser construído o mercado de frango e peixe, conhecido como magumba, mas as obras estão, também, atrasadas, o que até já foi motivo de manifestações por parte dos beneficiários.
Em todos esses mercados, as obras estão atrasadas e o Presidente do Conselho Municipal de Maputo diz não estar satisfeito com o ritmo da construção das infra–estruturas.
“Estaria mais satisfeito se tivéssemos conseguido avançar dentro dos prazos que estabelecemos na criação de condições de infra–estruturas para podermos servir melhor os nossos munícipes; aqueles que, efectivamente, fazem a venda informal. Infelizmente, a nossa capacidade de realização leva muito a desejar, mas temos de saber dos meios e das empresas que temos, mas estou convencido de que se vai superar”, disse Eneas Comiche.
Enquanto isso não acontece, o mercado do centro emissor, por exemplo, no bairro de Laulane, aos arredores da cidade de Maputo, está a ser vandalizado e, no espaço, não há nenhuma infra-estrutura convencional erguida, havendo apenas barracas construídas com material precário. A vegetação emerge e desenvolve-se dando lugar à pastagem de caprinos.
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